sábado, 30 de janeiro de 2010

FERNANDO AZEVEDO

Entrevelas

AZEVEDO, Fernando (1923- ). Pintor e crítico de arte português. O seu surrealismo utilizou técnicas peculiares de *decalcomania e de ocultação parcial de fotografias, desmembrando as relações lógicas e naturais das suas diversas partes. Possui um visionarismo que decorre das formas em gestação. Um consciente sentido da picturalidade pura leva-o a criar um espaço ambíguo, e uma vasta cultura e conhecimento das artes visuais, desde o cinema às artes gráficas, concentra-se em notáveis colagens de múltipla interpretação, como Homenagem a Picasso (1981).

ESCOLA DE AVINHÃO

AVINHÃO, Escola de. Escola francesa de pintura do séc. XV cujo mestre condutor mais importante que se conhece foi Enguerrand *Quarton e a obra mais ilustre a bela e austera *Pietà, de autor anónimo. A escola representa o florescimento final da ascendência cultural de Avinhão no séc. XIV, durante o exílio papal.

SALÃO DE OUTONO

AUTOMME, Salons d’. Abertos em 1903 com uma exposição dos trabalhos de Gauguin, que teve grande influencia nos artistas mais jovens. Os Salons d’Automme foram estabelecidos pelos artistas *Fauves, como exposição anual de trabalhos, entre outros, de Matisse, Bonnard e Marquet.

AUTOMATISMO

AUTOMATISMO. Na escrita ou na pintura, é a suspensão do controlo da razão permitindo o libertar da imagética subconsciente. Encontra-se principalmente associado ao Surrealismo e definido no Manifeste du Surréalisme (1924) de *Breton como «puro automatismo psíquico». Foi posteriormente desenvolvido pelos *Expressionistas Abstractos.

ATELIER

ATELIER (Fr. Estúdio). Utilizado em relação ao estúdio de um pintor ou de um escultor ou colectivamente em relação aos alunos reunidos em redor de um mestre. Atelier libré (ou por vezes académie) é um estúdio em que se fornece um modelo mas não são dadas aulas. Pinturas famosas de a. são o Atelier do pintor (1855) de Courbet, pintado como manifesto alegórico do Realismo, e O Atelier dos Batignolles ou Homenagem a Manet (1869) de Fantin-Latour, mostrando Manet com Renoir, Monet, Bazille, Zola, etc.

ARTE NOVA

ART NOUVEAU (Arte Nova). Estilo de decoração e arquitectura corrente na década de 1890 e começo da de 1900. O nome deriva de uma galeria para decoração de interiores aberta em Paris em 1896, chamada a «Maison de l’Art Nouveau»; o mesmo estilo chama-se na Alemanha «Jugendstil» e deriva de uma revista chamada Die Jugend (Juventude) e em Itália «Floreale» ou «Liberty» por causa da loja de Londres. Os motivos decorativos característicos são formas vegetais contorcidas, como nas entradas de ferro forjado das estações de Metro de Paris (da autoria de Hector Guimard). Formas semelhantes foram utilizadas tanto em ils. de livros como nas artes aplicadas, p. ex. no mobiliário ou nos objectos de vidro do artista francês Emile Gallé e de Louis Tiffany nos E.U.A. o artista gráfico mais conhecido é A. Beardsley, cujos sinistros desenhos à pena se adaptavam excepcionalmente bem à il. de livros. O movimento arquitectónico encontrava-se muito divulgado sendo as figuras dominantes C. R. Mackintosh e Antoni Gaudí, em Barcelona, cujo trabalho tem um arrojado estilo fantástico. Os decoradores de interiores incluem Samuel Bing (Alemanha), Victor Horta e Henry Van de Velde (Bélgica).

ARTE POVERA

ARTE POVERA. (It. Arte pobre). Termo criado pelo critico italiano Germano Celant para descrever a arte *minimal produzida com materiais «humildes» e de fácil acesso, como areia, madeira, pedras e papel de Jornal.

ARTE AMBIENTAL

Termo utilizado desde finais da década de 1950 para obras de arte que são ambientes (environments) i.e. onde o espectador pode entrar, p. ex. E. *Kienholz.

ARTE BRUTA

ART BRUT (Arte Bruta). Termo criado por J. *Dubuffet para graffiti e quadros grosseiros de pessoas sem treino nas artes plásticas.

ART & LANGUAGE

 Em 1968 os artistas ingleses Terry Atkinson, David Bainbridge, Michael Baldwin e Harold Hurrel fundaram a Art & Language Press. Em 1969 lançaram a sua revista Art-Language que apresentava a teoria da arte como arte *conceptual. Os pontos de vista do grupo A. & L. tiveram influência nos E.U. e na Europa.

ARQUITECTÓNICO

Termo utilizado metaforicamente em relação a uma obra de arte com um padrão estrutural que faz lembrar a arquitectura no seu ritmo e equilíbrio. O termo é por vezes aplicado à música de contraponto em que temas, referências e recordações repetidas de material anterior se acumulam para produzir um efeito de equilíbrio e um sentido de estrutura arquitectónica. Os temas em si têm muitas vezes uma coerência semelhante.

PINTURA EM AREIA

Técnica de fazer desenhos em areia de diferentes cores, praticada pelos Navajos e outros Índios norte-amer. (e também no Tibete, no Japão e entre os aborígenes australianos) ligada a cerimónias religiosas. São efémeras e devem ser renovadas em cada uma dessas ocasiões.

ARCAICO

Na arte grega, o período c. 700-480 a.C., em especial na escultura, p. ex. os kouroi e korai (jovens nus e raparigas com vestidos de pregas) da Acrópole. As figuras são rígidas e formalizadas por influência egípcia, tornando-se gradualmente mais naturalistas. Na pintura de vasos, o período a. inclui as figuras negras áticas coríntias e as figuras vermelhas mais antigas. Na arquitectura abarca o dórico primitivo (p. ex. Paestum) e o jónico primitivo (p. ex. o 1º templo de Artémis em Éfeso).

ANIMALISTA

ANIMALISTA, estilo. Utiliza-se geralmente com referência à ornamentação animalesca germânica desde o séc. V até à época do *Renascimento. Baseadas nos protótipos das províncias romanas, as formas tornaram-se cada vez mais abstractas: no séc. V são decompostas em elementos separados muito estilizados e reunidas com uma coerência óbvia; no séc. VI tornaram-se mais alongadas e misturaram-se em desenhos rítmicos semelhantes a serpentes. O e. a. atingiu o seu maior apuramento na Escandinávia.

ALTAMIRA

 Gruta de pedra calcária na província de Santander, no Norte de Espanha, onde se descobriram pela primeira vez pinturas de animais do paleolítico superior ou da época leptolítica (1879). O famoso friso do tecto do bisonte naturalista é hoje reconhecido como arte magdalena tardia c. 10 000 a.C., pertencendo à fase final das culturas caçadoras do período glaciar da Europa Ocidental. As pinturas são executadas em matérias minerais corantes, na sua maioria negros e vermelhos, directamente aplicadas na rocha porosa; nalguns casos uma pintura sobrepõe-se a outra. Arte *Ruprestre.

ALEIJADINHO

Cristo carregando a cruz, Santuário de Congonhas
ALEIJADINHO, António Francisco Lisboa, chamado o (1738-1814). Arquitecto e escultor brasileiro, filho natural do arquitecto Manuel Francisco Lisboa e de uma mulher de raça negra. Ganhou a alcunha de “Aleijadinho” por causa de uma doença que lhe afectou os membros inferiores. Trabalhou na província de Minas Gerais fornecendo planos para diversas obras que, pela sua origem, não podia dirigir ele mesmo (p. ex. capela de S. Francisco (1776) e capela-mor de S. José (1772), em Ouro Preto, e a igreja de Morro Grande (1763)). Em 1780 elaborou a sua obra mais célebre, o adro e a escadaria do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, para a qual esculpiu grandiosas estátuas dos profetas e esculturas dos «Passos» destinadas às seis capelas da Vila Sacra. Nesta obra, o barroquismo de A. adopta distorções de caris pré-expressionista.

ALEGORIA

Uma história, quer em verso quer em prosa, ou uma pintura em que o relato ou apresentação se destina a ter, ou é interpretado como tendo, outro sentido paralelo.

ACTION PAINTING

Termo utilizado pela primeira vez pelo crítico amer. H. *Rosenberg para descrever um método de pintura muito divulgado nas décadas de 1950 e 1960 em que a tinta é salpicada, derramada ou atirada sobre a tela – donde o termo francês Tachisme (tache, «mancha» ou «nódoa»); alguns críticos utilizam ambos os termos como substituíveis por *Expressionismo Abstracto. O termo foi utilizado pela primeira vez a prepósito do trabalho de J. *Pollock mas também tem sido aplicado a artistas europeus associados ao Tachisme.

ARTE ACADÉMICA

O termo aplica-se à arte numa tradição estabelecida e oficializada, muitas vezes realista, mostrando um destro comando da arte de desenhar e outras técnicas. No séc. XIX as academias de pintura tornaram-se centros de oposição a novos movimentos pelo que arte ac. tem geralmente hoje tonalidades pejorativas de «conservadora» e «pouco imaginativa».

ACADEMIAS

Instituições cujo nome deriva da Academia de Platão. Tiveram origem na Itália seiscentista, onde as reuniões humanistas rapidamente atraíram a protecção oficial, p. ex. a famosa Accademia Platonica fundada por Cimso I de Florença (c. 1542), que se tornou um modelo frequente para organismos semelhantes. A Accademia di Disegno (1562) de Vasari teve por objectivo estabelecer o estatuto dos artistas (um móbil frequente destas fundações); mas muitas eram essencialmente organizações de ensino, p. ex. a academia dos Carracci. Por volta de 1870 mais de 100 academias floresciam na Europa indicando a crescente consciência da importância de reintegrar as artes e a sociedade. Entre as instituições britânicas são exemplos a Royal Academy of Music (R.A.M.; 1922), o Royal College of Music (R.C.M.;1904). As academias literárias têm por vezes funcionado como árbitros da língua. Neste aspecto a Académie Française, fundada por Richelieu em 1635, é preeminente. Tem sido, no entanto, acusada de excessivo conservadorismo e excluiu muitos grandes escritores franceses, incluindo Molière, Balzac e Flaubert. Na pintura, o mesmo tipo de crítica tem sido dirigido à Royal Academy britânica (R.A.; 1768; muitos pintores britânicos treinaram-se nas suas escolas) e à Académie Royale des Beaux-Arts francesa (fundada por Luís XIV em 1648, dissolvida em 1793 e reintegrada em 1816 como Académie des Beaux-Arts). A British Academy (1901) dedica-se ao ensino em muitos campos.

ABSTRACTION-CRÉATION

Escola de arte não figurativa fundada em Paris em 1931 por A. Pevsner e N. Gabo, liderada por A. Herbin e G. *Vantongerloo. Não intentou uma síntese completa das artes plásticas, mas antes uma fusão de algumas das técnicas da pintura e da escultura.

ARTE ABSTRATA

 Arte que não imita nem representa directamente a realidade externa: alguns escritores restringem o termo à arte não figurativa, enquanto que outros o utilizam relativamente à arte e que não faz representação, ainda que derive em última análise da realidade. Têm sido sugeridas várias alternativas (arte de não representação, arte não objectiva, arte concreta) mas nenhuma teve aceitação geral. «Abstracto» é frequentemente utilizado como termo relativo, sendo as pinturas mais ou menos abstractas no seu tratamento. A fonte original de uma pintura abstracta, p. ex. uma paisagem ou uma natureza morta, pode ser visível ou decifrável: a maior parte da pintura cubista é desta espécie. As formas simplificativas ou geométricas, que não têm referência directa com a realidade externa podem ser utilizadas exclusivamente, como na arte de *Mondrian. Num terceiro tipo de abstracção as pinceladas, a cor e as texturas do material utilizado sugerem o desenvolvimento da pintura, como na obra de J. *Pollock.
A ideia de que as formas e a cor por si podem estimular o espectador constitui a base de toda a a. A. Muita da pintura e escultura do séc. XX intenta, tal como a música, não ter qualquer objectivo de representação. Encontraram-se fontes e paralelos desta arte em decorações de cerâmicas, em elementos decorativos de manuscritos e nas artes aplicadas (em especial na Arte celta, p. ex. O Livro de Kells), na Arte maometana, na escultura primitiva e tribal e nos elementos não realistas da pintura europeia (p. ex. os fundos arquitectónicos das pinturas de Fra Angelico).
A a. A. do século XX tem a sua origem em Cézanne que tratou alguns motivos paisagísticos como sólidos geométricos e cuja pintura foi muito admirada pelos cubistas.
O Cubismo, o primeiro estilo abstracto, teve um efeito decisivo noutros artistas e grupos. O valor independente da cor não foi realçado pelo Cubismo, mas por outros grupos. O desenho de motivos de cor uniforme, utilizado por Gauguin e pelos pintores de Pont-Aven, foi retomado pelos *Nabis; os *Fauves interessaram-se particularmente pela cor. A primeira pintura não figurativa foi executada por Kandinsky em 1910, mas antes houve vários pintores em cuja obra o tema se tornava virtualmente indistinguível, por exemplo Holzel e Gustave Moreau. O impacto emocional da cor também foi de primeira importância para o *Expressionismo alemão. O Cubismo foi seguido pelo *Futurismo na Itália, o *Vorticismo na Grã-Bretanha, * de Stijl nos Países Baixos e várias formas de abstracção na Rússia, incluindo o *Rayonnismo de Goncharova e Larionov, o *Construtivismo e a rígida a. A. geométrica de Malevich (Suprematismo). A abstracção de vários tipos tornou-se mais comum nas pinturas e esculturas dos anos vinte, tendo na sua maior parte uma base geométrica: excepcionalmente, Arp fizera algumas composições de acaso ( p. ex. com papel rasgado) e no *Surrealismo houve algumas experiências com tipos mais informais de abstracção. A principal tendência da a. A. nos anos 30 foi geométrica e o grupo *Abstraction-Création foi formado em 1932 para exibir essa arte. A este salão abstraccionista sucedeu, depois da guerra, o Salon des Réalités Nouvelles. Desde a guerra que, na pintura abstracta, as composições informais e as inovações na técnica têm sido mais frequentes e o principal movimento é o *Expressionismo Abstracto. A escultura durante o séc. XX tem sido frequentemente abstracta, particularmente na obra de vários das suas maiores figuras como *Arp, *Brancusi e *Calder.

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