terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

CURRIERS E IVES, Estampas

Série de litografias coloridas à mão publ. Em N.Y. representando todos os aspectos da cena amer. Na 2ª metade do séc. XIX. Nathaniel C. (1813-88) começou a série em 1835 e deu sociedade a J(ames) Merritt I. (1824-95) em 1857.

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Currier and Ives era uma empresa de impressões americana, chefiada por Nathaniel Currier (1813-1888) e James Merritt Ives (1824-1895) com sede em Nova Iorque.

Hoje originais, Currier and Ives impressões são muito procurados por colecionadores modernos, e as reproduções deles são populares em decorações. Especialmente populares são as cenas de inverno, que são comumente usadas em cartões de Natal americanos.

CUBISMO

O primeiro estilo de arte abstracta do séc. XX baptizado pelo crítico de arte Louis Vauxcelles, que pegou numa observação de Matisse a propósito dos pequenos cubos de *Braque. O período mais importante do estilo vai de 1907 a 1914, e os seus originadores foram *Picasso e Braque, que trabalhavam em estreita ligação. Têm sido sugeridas várias divisões do C. em períodos: os nomes «analítico», «hermético» e «sintético» são de uso geral; mas o termo «analítico» não descreve adequadamente as obras cubistas primitivas, que são influenciadas pela arte ibérica e africana nas Demoiselles d’Avignon, de Picasso (1907), de forma que alguns críticos têm sugerido «pré-cubista» ou «proto-cubista» para esta fase.


Se obras como estas são vistas como o prelúdio do C., as primeiras obras verdadeiramente cubistas são aquelas em que objectos, paisagens e pessoas são representados por sólidos multilaterais (ou multifacetados). A obra mais tardia de Cézanne foi um catalizador desta pintura, e foi conhecido dos cubistas a partir da importante mostra da sua obra após a sua morte em 1905; o seu conselho a Émile Bernard de «tratar a natureza por meio do cilindro, da esfera e do cone» foi tomado como justificação das experiências cubistas. Mulher com uma Guitarra, de Picasso, é um exemplo claro desta fase do C. Braque e Picasso viraram-se então para um tipo de abstracção mais terminante, em que o padrão global se torna mais importante, e os objectos representados são em grande parte ou totalmente indecifráveis (C. hermético). Neste período a cor encontrava-se quase totalmente ausente das suas obras, que são essencialmente monocromáticas, cinzentas, azuis ou castanhas e brancas. A cor reapareceu na fase final do C., chamada «sintética», por causa da sua combinação da abstracção com materiais reais. Muitos outros artistas trabalharam no estilo cubista, que veio substituir o Fauvismo como movimento artístico de vanguarda em Paris desde cerca de 1909. As contribuições mais significativas foram prestadas por Juan *Gris e *Léger, mas houve muitos outros incluindo *Gleizes e *Metzinger (que publ. Um livro sobre o C.), Derain, Souza-Cardoso, Friesz, de la Fresnaye e Marcoussis. Os escultores cubistas incluíram *Archipenko e H. *Laurens. O C. esteve representado no Salon d’Automne, e foi formado um grupo chamado a Section d’Or: neste os irmãos Villon, J. *Villon, Raymond *Duchamp-Villon e M. *Duchamp, são as figuras principais. Esta actividade em Paris teve efeitos de grande alcance, estimulando o movimento Futurista em Itália, o Vorticista na Grã-Bretanha, e produzindo algum efeito na arte expressionista na Alemanha: foi igualmente um importante precedente para outros movimentos com objectivos abstractos como os existentes na Rússia (*Construtivismo, *Suprematismo) e nos Países-Baixos (*De Stijl). O C. desenvolveu-se em Paris a partir de duas formas principais, em direcção a um estilo decorativo, em que os temas são tratados geometricamente mas permanecem nitidamente reconhecíveis, ou em direcção a um maior grau de abstracção como nas pinturas rítmicas de *Delaunay de segmentos e círculos coloridos (*Orfismo).

O C. continuou a ter uma influência importante na arte do séc. XX. Foi feita uma tentativa por *Ozenfant e o arquitecto Le Corbusier de regresso a um C. purificado mais simples, mas por altura de 1920 o C. fazia por demais parte do vocabulário artístico geral para poder limitar-se a este Purismo. As ideias e técnicas cubistas continuam a ser utilizadas até à actualidade, em particular a *colagem inventada no período sintético.

CRUZEIRO SEIXAS, Artur (1920- )

Pintor português surrealista, notabilizou-se pelos seus desenhos, colagens e por estranhas esculturas que expôs a partir de 1949. Foi um desenhador que s e afirmou, produzindo uma larga obra, surrealista pela alteração formal a que sujeita figuras dispostas em cena de crueldade. Destaca-se nos desenhos uma execução meticulosa e uma riqueza imagética que recupera figurações do simbolismo fin-de-siècle.

CRESILAS (séc. V a.C.)

Escultor retense que, com Fídias e Policleto, tomou parte numa competição para produzir figuras de Amazonas para o Templo de Artémis em Éfeso. Existem várias cópias da Amazona Ferida de C. Também há cópias do seu retrato idealizado de Péricles.

CRAQUELURE (Fr. Fenda)

As fendas finas numa pintura antiga produzidas pelo movimento e a contracção na superfície de tinta, no fundo e no verniz. Diferentes fundos e superfícies de tinta dão padrões característicos, ligeiramente variados conforme a idade da pintura e a perícia do pintor.

CÓPIA

Reprodução exacta de uma pintura quer pelo pintor do original quer sob a sua orientação. A palavra é frequentemente utilizada para descrever obras idênticas quando não se sabe qual foi produzida primeiro.

CONSTRUZIONE LEGGITIMA

Forma primitiva de *perspectiva utilizada na primeira metade do séc. XV; utilizava apenas um ponto de encontro das paralelas e produzia uma certa quantidade de distorção.

COREANA, arte

A influência chinesa, marcada durante a dinastia *Han (206 a.C.-220 d.C.), foi sempre importante. As obras primitivas mais antigas são os murais dos sécs. IV-VII de túmulos do reino setentrional de Koguryo e as esculturas budistas do reino Paekche do S.W., que influenciaram a escultura japonesa. A influência *T’ang dominou o período «Grande Silla» que uniu a Coreia (668-918), p. ex. magníficas esculturas e relevos budistas de meados do séc. VIII. Durante o período Koryo (918-1392), o Confucionismo inspirou uma tradição de artistas sábios (*wen-jen), p. ex. Kang Hui-na (1419-65). Os princípios da arte *chinesa inspiraram a pintura; a poesia chinesa forneceu temas e a pintura paisagística de fantasias *Sung tópicos. Chong Son (1676-1769) votou à paisagem coreana em busca de inspiração. Os artistas literatos fizeram elegantes estudos caligráficos do bambu, da orquídea, da flor da ameixieira ou do crisântemo. O retrato oficial era grandemente estereotipado embora hábil.

COR LOCAL

Termo utilizado em pintura relativamente à cor real de um objecto à luz difusa natural. As sombras ou cores vizinhas fortes podem modificar a cor local.

COPTA, Arte

Arte de uma comunidade cristianizada do Egipto, convertida c. séc. II d.C.; fundiu os estilos egípcio, *helenístico e bizantino finais. As esculturas funerárias têm uma postura rígida; a pintura mural utiliza arrojadas áreas de cor uniforme, e representa formas animais e vegetais decorativas e figuras humanas primitivas com olhos arregalados e espessas sobrancelhas. Numerosos têxteis C. de estilo semelhante chegaram até nós. Edifícios importantes são os Mosteiros Vermelho e Branco, em Sohag (c. 440) e as igrejas dos sécs. XI e XII do Cairo Antigo. Os primitivos edifícios semelhantes a basílicas de três naves laterais, evoluíram para um tipo C. característico de escultura celular com numerosas capelas e celas.

CONTRAPOSTO

Termo italiano para descrever uma postura do corpo humano, numa pintura ou escultura, em que a parte superior do tronco está virado no mesmo eixo que as pernas mas num plano diferente.

CONTORNO

Numa pintura ou desenho, a linha que define uma forma. Uma linha neste sentido pode surgir, por meio de modulação em espessura e intensidade, relações espaciais e texturas, não sendo assim uma simples delineação.

CONSTRUTIVISMO

 Estética que surgiu na Rússia baseada no culto futurista da máquina e expressa pela primeira vez nas «Construções em Relevo» de 1913 de V. *Tatlin. As suas ideias cristalizaram e assumiram a importância de um movimento em 1921/2 quando houve uma separação entre os pintores abstractos moscovitas, optando alguns pelo princípio da arte «pura» e outros pelo trabalho utilitário e de propaganda. O último grupo tornou-se conhecido por «Construtivistas» ou «engenheiros-artistas». Na sua tentativa de vencer o isolamento do artista relativamente à sociedade, entraram pelos campos do desenho industrial (Tatlin, *Rodchenko, *Popova, *Lissitzky), do teatro e cinema (Meyerhold, Eisenstein) e da arquitectura (Melnikov, Ginzburg, Golossov, os 3 irmãos Vesnin). Afora o Monumento à 3ª Internacional, de 1919/20, de Tatlin, que não chegou a ser realizado, os edifícios construtivistas incluem o mausoléu de Lenine, de Shchusev, e o edifício do Izvestia de Barkhim, ambos em Moscovo. Os princípios construtivistas produziram os primeiros exemplos da «nova tipografia» (*Lissitzky) e trabalhos pioneiros no desenho de cartazes e de exposições (pavilhão Soviético da Exposição da Imprensa Internacional, em Colónia, 1930, desenhado por Lissitzky). Através de *Kandinsky, *Gabo e *Moholy-Nagy as ideias construtivistas tiveram uma infuência básica na criação do «estilo funcionalista internacional» de arquitectura e desenho industrial na Europa Ocidental na década de 1920, propagado fundamentalmente pela *Bauhaus.

CONCRETA, Arte (al. konkrete Kunst; fr. Art concret).

 Termo artístico introduzido por van *Doesburg em 1930 de preferência a «arte abstracta». Segundo M. Bill, o seu maior propagandista, «refere-se às obras que se desenvolveram através dos seus próprios meios e leis inatos» e são, portanto, autónomas, i. e. não dependem de um processo de abstracção.

CONCEPTUAL, Arte

Forma e teoria de arte que apareceu nos finais da década de 1960 como o desenvolvimento lógico da arte *minimal. Põe em causa toda a ideia de «arte», p. ex. o facto de ter ou não referência fora dela, e em especial a validade do objecto de arte tradicional, e utiliza conceitos como «material». Como a forma física não é essencial à apresentação de conceitos, e como um conceito é geralmente o ponto de partida de uma obra de arte, os artistas conceptuais propõem que os meios e as manifestações físicas tradicionais (objectos) são desnecessários. As ideias e informação são pois apresentadas como, e transmitidas por meio de, propostas escritas, fotografias, documentos, gráficos, mapas, filmes e vídeo, e sobretudo através da própria linguagem. Os artistas amer. D. *Huebler, J. Kosuth e L. Weiner, e o grupo *Arte & Language foram os principais exposnentes.

COMPOSIÇÃO

O arranjo formal de uma pintura ou de um trabalho de arte gráfica; refere-se também a uma peça musical ou escrita, ou ao acto de escrever ou de compor.

«COMPANHIA», Pinturas da

 Quadros de estilo e tema indo-europeu, feitos (finais sécs. XVIII-XIX) por artistas do N. da Índia para oficiais da Companhia das Índias Orientais britânicas.

COMBINES

Termo utilizado por R. *Rauschenberg em referência a objectos achados planos ou, geralmente, tridimensionais que são incorporados, à maneira da colagem, numa pintura.

COLUMBANO Bordalo Pinheiro (1857-1929)

 Pintor português que estudou em Paris. De regresso a Portugal em 1883, juntou-se ao «Grupo do Leão», que pretendia renovar a pintura portuguesa através do naturalismo; foi ele o biógrafo plástico desta tertúlia com o quadro O Grupo do Leão. De difícil aceitação a princípio, a sua obra foi ganhando nome e prestigio como um por exemplos máximos da combinação de naturalismo com um certo psicologismo. Notável como retratista e pintor de escuros interiores, a sua obra parece centrar-se nas fisionomias, como nos famosos Retrato de uma Senhora, Eça de Queirós e Antero de Quental. Do início da sua carreira, a composição de grupo Concerto de Amadores mantém um espírito caricatural; uma mais contida análise da vida quotidiana manifesta-se em Chávena de Chá.

COLOR-FIELD PAINTING

Termo utilizado essencialmente para referência a alguns artistas amer. *Expressionistas abstractos da década de 1950 para os diferenciar dos *Action painters (p. ex. *de Kooning, *Klein, *Pollock). Os colour-field painters (p. ex. *Gottlieb, *Motherwell, *Newman, *Reinhardt, *Rothko, *Still) preocupavam-se com a imagem abstracta que era constituída por uma forma ou área grande de cor unificada.

COLOSSO DE RODES

Estátua de bronze (32 m. de altura) de Hélios, o deus do Sol, da autoria de Chares de Lindos, erigida junto ao porto de Rodes, c. 280 a.C., e uma das sete maravilhas do mundo antigo. Foi derrubado por um terramoto em 225 a.C. Os restos só foram removidos em 656 d.C.

COLAGEM. (fr. Collage)

Composição feita de vários materiais – cartão, fio, tecido, recortes de jornais, fotografias, etc. – colados numa tela ou num quadro e por vezes combinados com a pintura ou o desenho. Foi uma técnica usada pelos Cubistas, Dadaístas e Surrealistas. Matisse e outros usaram uma técnica semelhante, chamada papier collé, que envolvia a fixação com cola não de material encontrado, mas de recortes de papel em diferentes cores uniformes.

COBRA

 Grupo de arte internacional (fundado em 1948) cujo nome provém das primeiras letras das cidades Copenhaga, Bruxelas e Amesterdão. Os participantes mais conhecidos foram P. *Alechinsky, K. *Appel e A. *Jorn, que visavam ressuscitar o *Expressionismo. O grupo era coordenado por Christian Dotremont e foi dissolvido em 1951. Fizeram uma expsoição no Stedelijk Museum, em Amesterdão, em 1949; os animais e a vida dos insectos tratados num estilo abstracto livre mostravam a admiração destes artistas pela arte pré-histórica, primitiva e não adulterada.

CLOISONISMO (do fr. Cloisonné, dividido)

Técnica utilizada pelos pintores simbolistas franceses, nomeadamente por *Gauguin. Caracterizava-se por áreas uniformes de cor e contornos carregados. Émile Bernard afirma ter sido o seu originador embora tal fosse negado por Gauguin.

CLICHÉ-VERRE

Tipo de estampa inventada por Corot, que combina técnicas fotográficas e gráficas. O desenho era raspado numa placa de vidro que tinha sido coberta de tinta preta ou albume e tornada opaca através de exposição ao sol; esta era então utilizada como um negativo e impresso em papel sensível. A técnica foi igualmente utilizada por Daubigny, Delacroix, Millet e Rousseau.

CIRE PERDUE (Fr. Cera perdida)

Técnica muito antiga de fundição em bronze. O escultor faz primeiro um molde em gesso, mais ou menos com a forma da obra acabada e perfurado de varetas de ferro; neste constrói, em cera, os pormenores da escultura. A seguir a superfície de cera é revestida de argila líquida que fica a secar. Existe agora um molde exterior (trespassado de respiradouros) e um modelo interior, unidos por varetas e fechando-se sobre o fino contorno de cera da obra projectada. A cera é derretida e é derramado bronze fundido no seu lugar. O molde e o modelo interior são retirados. O método foi utilizado na Grécia e na Roma antigas e recuperado na Renascença; também era utilizado pelos escultores de *Benin.

CINÉTICA, arte

Arte que envolve movimento, real ou aparente; o termo teve origem na década de 1920. O movimento em escultura foi proposto pelo futurista *Boccioni e a ideia foi desenvolvida por M. Duchamp, Gabo e Pevsner, Moholy-Nagy e A.Kemeny, que advogam uma «forma artística dinâmico-construtiva». Na década de 1950 artistas como N. *Schoffer começaram a produzir escultura cinética; grupos subsequentes incluem o Gruppo N (1959) e EAT (1966). As sensações cinéticas em pintura são obtidas por meios de efeitos ópticos e da utilização de luzes. Arte *Op.

CICLÁDICO

Termo aplicado a vasos e a ídolos de mármore encontrados nas Cíclades, grupo de ilhas do mar Egeu, e também a vestígios do que parece ter sido uma cultura florescente entre 2600 e 1100 a.C.

CHURRIGUERA

Família de arquitectos e escultores espanhóis, originalmente da Catalunha mas que se fixaram em Madrid c. 1670. Os seus primeiros membros eram artistas estucadores e construtores de retábulos. José Benito (1665-1725) foi o primeiro a dedicar-se à arquitectura. Construiu a cidade, o palácio e a Igreja de Nuevo Baztán, e muitos retábulos, um dos quais com mais de 27,5 m. de altura. O seu irmão Joaquín (1674-1724) fez um extravagante desenho para a cúpula da catedral de Salamanca, com colunas de açúcar de cevada e nichos de conchas (foi desmantelada em 1755). O terceiro e mais talentoso dos irmãos, Alberto (1676-1750), fez o projecto da Plaza Mayor, em Salamanca, e as partes de outras igrejas, incluindo a catedral. A família continuou a ser importante na geração seguinte e deu o seu nome - «Churringuerresco» - a toda a fase média do Barroco espanhol (c. 1700-60). Este é caracterizado pela utilização fantasticamente abundante de ornamentação em relevo, estuque, dourados e escultura. O estilo durou mais, e foi levado aos maiores extremos, no México espanhol.

CHOLA

Dinastia indiana do SE (c. 850-1267 d.C.). Conquistou Bengala (1203) e estabeleceu colónias em Sumatra. A escultura C. primitiva mostra influência *Pallava; o templo Rajarajeshvara (c. 1000) na capital C. de Tanjore, Tamilnadu, e o templo de Shiva em Gangaikonda-cholapuram, perto de Kumbakonam, Tamilnadu (c. 1025) exibem esculturas de pedra no estilo C. clássico. Os magníficos bronzes segundo a técnica *cire perdu incluem o famoso Shiva Nataraja («Senhor da Dança»).

CHINOISERIE

Imitação europeia de formas e desenhos chineses ou por vezes indiscriminadamente orientais. Foi popular por toda a Europa desde cerca de 1670, mas está especialmente associada ao movimento rococó. Os motivos eram aplicados à arquitectura, à decoração de salas, tanto pictórica como escultural, à porcelana (que era em si uma imitação directa dos chineses), aos objectos de prata e ao mobiliário.

CH’ING

A dinastia manchu da China (1644-1912). Alguns artistas palacianos, tradicionalmente os académicos da *arte chinesa, estudaram técnicas europeias de sombreado e perspectiva. Como forma de reacção os pintores letrados (*wen-jen), p. ex. os «Quatro Wangs» do séc. XVII, viraram-se para um academismo delicado mas estrito. Os «Individualistas C. primitivos» (p. ex. Chu Ta (1625-c. 1705), K’um ts’na (c. 1610-c.1670) e Shih-t’ao (1641-c.1717) entre as figuras mais originais da arte chinesa, visaram um estilo não académico verdadeiramente chinês. Outros grupos foram os «Oito Mestres de Nanquim» e os «Excêntricos de Yang-chou» do séc. XVIII. Os reinados dos imperadores K’ang Hsi (1662-1722) e Ch’ien Lung (1736-95) foram notáveis pela elevada execução técnica e pelo último florescimento da já decadente porcelana chinesa tradicional, do mobiliário de laca e das artes menores, incluindo uma revivência da utilização do jade para taças altamente ornamentadas e intricadamente gravadas, potes para pincéis, frascos de rapé e objectos semelhantes. Durante este período as exportações chinesas de porcelana e mobiliário inundaram a Europa.

CHINESA, arte

Gravações e figuras e vasos de bronze rituais chegaram até nós das dinastias Shang, Chou e Ch’in (c. 1500-206 a.C.). O primeiro grande florescimento da a.C. foi durante a dinastia *Han (206 a. C.-220 d. C. A arte budista chinesa atingiu um estilo clássico individual sob as *Seis Dinastias (sécs. III-VI). Os Seis Princípios do Hsieh Ho do séc. VI estabeleceram os fundamentos de toda a A.c. Pelo princípio do ch’i yun (o espírito vital), o artista deve estar em consonância com o espírito cósmico. Hsieh Ho trata da pincelada, básica para todas as técnicas picturais chinesas; da fidelidade à realidade; da cor; do desenho, e do dever de copiar e perpetuar assim os modelos antigos. Sob. a dinastia * T’ang a pintura e a escultura budista alcançaram um ponto máximo; o pintor letrado (*wen-jen) Wang Wei, um pintor T’ang meridional, trabalhou na paisagem monocromática. O estilo clássico da dinastia * Sung (960-1279) continuou a sua brilhante evolução sob Yuan. A arte *Ming tendeu a olhar para o passado. *Tung Ch’ich’ang enunciou a sua teoria das duas escolas da pintura de paisagens: a «setentrional» (i.e., académica palaciana, *T’ang) e a «meridional» ( i.e., letrada). Esta última, tendo tido supostamente origem em Wang Wei, era superior visto que expressava a compreensão que o homem culto individual tinha da lei moral universal revelada na natureza. O período * Ch’ing (1644-1912) produziu muitos trabalhos delicados de importância secundária. O estilo paisagístico clássico, em tinta-da-china e cores sobre seda, foi muito influenciado pela *caligrafia e muitas vezes eram incorporados versos no desenho. A pintura em bambu era considerada um veículo de virtuosismo para a pincelada caligráfica.

CHIAROSCURO (It. claro-escuro)

Em pintura refere-se à utilização de fortes contrastes de luz e sombra visando o impacte dramático, como nas pinturas de Caravaggio e Rembrandt.

CHAN CHAN

Antiga cidade perto de Trujillo, no Peru, capital do império chimu (c. 1000-1466). As ruínas incluem grandes pirâmides em degraus, casas em socalcos e cisternas de pedra. As paredes de adobe são decoradas com relevos de vívidos motivos de plantas, animais e aves que se vão repetindo.

CHALUKYA

Estilo da escultura e arquitectura medieval da Indía central meridional que fl. Sob a dinastia C. A arquitectura inclui o primitivo templo de Ladkham (c.450 d.C.), o templo «de Durga» (c. 550) em Aihole e os quatro santuários talhados na rocha de Badami (iniciados em 578). As esculturas incluem a majestosa figura de Vishnu na Gruta III, em Badami (c. 580) e também chegou até nós alguma pintura mural fragmentária.

CESARINY DE VASCONCELOS, Mário (1923- )

Personalidade marcante do surrealismo português, C. notabilizou-se como pintor e sobretudo como poeta. Foi um dos fundadores do Grupo Surrealista de Lisboa (1947). Usa as mais variadas técnicas que lhe permitem construir, através do automatismo psíquico, os seus «poemas-objectos», colagens, pinturas e combinações de objectos cheias de humor e muito pessoais.

CENA INTERIOR (em ingl. Conversation piece)

Tipo de retrato de grupo, comum no séc. XVIII, frequentemente de uma família representada no cenário da sua biblioteca ou jardim. As personagens entregam-se geralmente a alguma ocupação do quotidiano. Existem alguns exemplos do séc. XX como Homenagem a Manet, de Orpen.

CELTA, Arte

 Arte produzida por povos celtas na Europa ocidental de c. 450 a. C. a c. 650, notável pela sua utilização de ornamentação abstracta assimétrica e curvilínea, muitas vezes combinada com decoração zoomórfica. Abrange duas fases principais: uma 1.ª fase que foi produzida no continente e com frequência chamada estilo La Tène (até ao começo do séc. I d. C.), e uma 2.ª, confinada à Bretanha e à Irlanda, a partir de c. d. C. 150, e que mostra muitas vezes sinais do contacto com a arte romana. A joalharia, a gravação em madeira, a cerâmica e o trabalho em metal são alguns dos produtos mais típicos da arte celta.

CEFISÓDOTO

Nome de dois escultores gregos (1) ( fl. Princípios séc. IV a. C. ) provavelmente pai de Praxíteles. Uma cópia da sua Idade dando à Luz o Infante Pluto encontra-se no Glyptotheck Museum, em Munique, e uma de Dionisos no B. M., em Londres (2) (fl. Finais séc. IV a. C.) filho de Praxíteles. Não nos chegou nenhuma obra sua completa mas entre as obras que se sabe ter executado encontrava-se uma estátua de Menandro no Teatro de Atenas.

CAXEMIRA, arte de

A arte de Caxemira e a do vizinho Himachal atingiu o seu zénite no séc. VIII d.C. Os templos de C. são quadrados, mas construídos de blocos de rocha maciços com janelas falsas trilobadas e telhadas pontiagudas; p. ex. Avantipura, Marttanda e Naranag. O simbolismo tântrico é evidente tanto a arte hindu como na budista. Soberbos bronzes e esculturas de pedra baseiam-se nos estilos pós-*Gupra do N. da Índia.

CASSANDRE

Pseud. De Jean-Marie Moreau (1901-68). Artista francês de origem ucraniana notável pelos seus desenhos para cartazes. Estes incluíam Étoile du Nord (1927) para Pullman e um anúncio dos anos de 1930, para os vinhos Nicolas, relacionado com, o *Orfismo e prefigurando *Arte Op.

CASCA DE ÁRVORE, pintura em

Técnica da arte oceânica e em particular da arte *aborígena australiana. On estilos tradicionais simultaneamente naturalistas e esquematizados, não diferiam dos utilizados na pintura de rochas, à excepção do sombreado policromo em losango das chamadas «imagens dos espíritos». A p. em c. de a. é actualmente executada com fins comerciais.

CARVÃO

Paus de madeira carbonizada, geralmente de salgueiro. Existem provas literárias de que o c. era utilizado como medium de desenho pelos Gregos, mas os desenhos existentes datam apenas de c. 1500. É muito macio e precisa de ser «fixado» se for utilizado sobre papel. Em geral é impróprio para trabalhos pormenorizados mas presta-se à exposição vigorosa; é muito utilizado para esboços compositivos porque pode ser tão facilmente apagado que é possível fazer correcções quase ilimitadamente. É utilizado muitas vezes em conjugação com greda branca sobre papel colorido.

CARVALHO, Zumiro (1940- )

Onda de Abril
 Escultor português, praticante da *minimal art. Realizou inicialmente construções com módulos rectangulares de chapas metálicas apresentadas em planos ou variadamente arqueadas. Posteriormente passou a trabalhar com mármore e xisto.

CARTOON

Termo geralmente utilizado em relação a um desenho satírico com desígnio específico, geralmente político.

CARTELLINO (It. Etiqueta)

Pergaminho ou pedaço de papel pintado quer no fundo de um quadro quer na saliência no primeiro plano. É utilizado para a assinatura do artista ou por vezes por um mote ou inscrição. Ocorrem exemplos disso nas pinturas de Giovanni Ballini e Antonello da Messina.

CARTELA

Originalmente ornamentação em forma de espiral, tal como uma voluta de um capitel jónico, foi mais tarde adoptada na gravação e na escultura como fundo para títulos e brasões de armas, e nesta forma é geralmente oval como uma estrutura em voluta.

CARTAZ (poster)

 Forma de arte gráfica com antecedentes na Antiguidade, em quadros de fixação de sinais ou avisos, prospectos, cartazes de teatro, xilogravuras, etc., mas assumindo a sua forma e exigências modernas (desenho simples, cores arrojadas, etc.) com a invenção da *litografia a cores. Desde os famosos cs. De *Toulouse-Lautrec, muitos artistas (p. ex. Chagall, Matisse, Picasso) os desenharam e executaram, e alguns (p. ex. *McKnight-Kauffer) especializaram-se neles. O c. é a única forma em que o grande público tem aceite facilmente desenvolvimentos artísticos do séc. XX com o Expressionismo, o Cubismo e as composições abstractas.

CARRACCI

Três artistas italianos de Bolonha: Lodovico e os seus primos, os irmãos Agostino e Annibale, que foi o maior artista dos três. Em 1585 os C. Fundaram uma academia em Bolanha para o ensino da pintura e a revivência dos cânones da arte clássica tal como era então entendida. Os três C. pintaram todos em Bolonha. Em 1595 Annibale (1560-1609) foi chamado a Roma para pintar as decorações do Palazzo Farnese. A sua obra mais conseguida é a Galleria Farnese desse palácio. Este ambicioso ciclo de frescos de temas tirados da mitologia clássica, como O Triunfo de Baco e Ariana, estabeleceu de imediato a fama de Annibale. Os frescos foram comparados ao de Rafael e Miguel Ângelo no Vaticano. Na Galleria Farnese, e em pequenos trabalhos como a deliciosa Fuga para o Egipto, Annibale criou a paisagem clássica ideal, escolhida por muitos artistas posteriores, incluindo N. Poussin. Outras pinturas importantes de Annibale são Domine, Quo Vadis? E a invulgar composição O Talho. Agostinho (1557-1602) ajudou o seu irmão no Palazzo Farnese. A sua obra mais importante é A Última Comunhão de S. Jerónimo. Foi um importante teórico de arte e gravador notável. Lodovico (1555-1619) continuou a academia quando os seus primos partiram para Roma. As suas pinturas são principalmente grandes retábulos, p. ex. A Madona dos Bargellini. Domenichino e Guido Reni estiveram entre os muitos alunos dos C.

CAROLÍNGIA, Renascença

 Nome dado à revivência do saber e das artes sob o imperador Carlos Magno (m. 814). O revalorizar da educação, promovida pela fundação de escolas por todo o império, brotou do retorno à literatura e cultura gregas liderada na corte de Carlos Magno em Aachen pelo erudito anglo-saxão, Alcuin. Um dos maiores feitos da R. C. foi a cópia de mss. Clássicos e o desenvolvimento da escrita minúscula de forma forte e nítida. Na arquitectura a R. C. marcou o regresso, na Europa, à construção e grande escala; obras como0 a Catedral de Aachen levaram ao desenvolvimento do estilo *romântico.

CARNEIRO, António Teixeira (1872-1930)

 Pintor português, grande desenhista que trabalhou sobretudo em retratos a sanguínea. Os seus óleos também são notáveis pela frescura e limpidez de colorido apreendendo liricamente a Natureza e o mar.

CARNEIRO, Alberto (1937- )

Escultor português, cedo se notabilizou pelas suas esculturas informalistas realizadas directamente em madeira, através das quais meditava sobre a organicidade e os conceitos junguianos de anima e animus. O corpo humano e o cosmos permanecem como tema da sua frase *conceptual durante os anos setenta.

CARICATURA

 A representação dos traços característicos ou atitudes de uma pessoa de uma maneira exagerada produzindo um efeito caricato; em uso frequente como instrumento de sátira social e política. As figuras grotescas encontradas na escultura medieval e nos estu CARAVAGGIO. dos fisionómicos de Leonardo da Vinci encontram-se entre os predecessores da C., que foi desenvolvida tal como as conhecemos pelos Carracci; a palavra «C.» aparece pela primeira vez em escritos italianos do séc. XVII. Fora do seu uso na imprensa do séc. XIX (p. ex. Gillray) e do séc. XX, os seus exponentes incluíram Daumier, Goya, Grosz e Hogarth.

CARAVAGGIO

Nome tomado da sua terra natal por Michelangelo Merisi ou Amerighi (1573-1610), pintor italiano. Estudou em Milão com um maneirista obscuro. Por volta de 1593 encontrava-se em Roma a trabalhar para outros pintores, muito pobre e aparecendo já nos registos da população como espadachim. Por alturas de 1596 a sua sorte mudou rapidamente. Algumas das suas pinturas foram compradas pelo influente Cardeal del Monte e foi-lhe encomendado uma série de grandes pinturas religiosas para a Capela Contarelli, na Igreja de S. Luigi de Francesi. Antes disso, C. tinha pintado algumas das primeiras verdadeiras naturezas mortas, nomeadamente A Cesta de Fruta, uma série de pinturas de um modelo que representava «Baco», A Reunião Musical e um magistral duplo retrato de um homem e uma mulher intitulado O Adivinho, que deve obviamente algo a Giorgione a nível de tema e composição, embora a disposição da luz e o sentimento revelem um talento novo e original.


Para Capela Contarelli C. pintou um retábulo, S. Mateus e um Anjo, e duas grandes telas para as paredes laterais, A Vocação de Mateus e O Martírio de S. Mateus. Estes quadros causaram sensação. O S. Mateus (original destruído em 1945) do retábulo foi considerado vulgar e sacrílego pelo clero e C. pintou a segunda versão, que continua na igreja. Outras obras importantes do período são A Conversão de S. Paulo, O Martírio de S. Paulo, para S. Maria del Popolo, A Ceia em Emaús, A Morte da Virgem e A Deposição de Cristo. No auge do seu sucesso C. matou um companheiro numa rixa e teve de fugir de Roma. Os últimos anos da sua vida consistiram em curtos períodos de asilo em Napoles, em Malta e na Sicília, passados a pintar. Cada período terminava numa rixa e a fuga recomeçava. Ferido em Palermo, conseguiu chegar a Porto Ercole, onde morreu. Embora estudos recentes tenham modificado a reputação de revolucionário de C., ele continua a ser um dos veraddeiros inovadores. Declarou no principio da sua carreira que tinha rejeitado a busca renascentista do ideal e que não estudaria outro mestre que não a Natureza. O seu método de pintar directamente pelo modelo e a sua escolha de modelos das classes mais baixas, apresentados tal como eram mesmo nas suas grandes obras religiosas, foram duas coisas que quebravam por completo com a tradição. Contudo, considerá-lo um realista antes do seu tempo equivale a passar por cima da sua outra inovação: um aumento de efeito dramático através da utilização da luz que era sempre imaginada e com frequência altamente artificial, mostrando o seu enfático sentido do *chiaroscuro. Atacado por muitos, as suas obras foram protegidas por poderosos patronos durante a sua vida e depois da sua morte. A imitação do seu trabalho inspirou uma escola de pintura em Espanha, os Caravaggisti, e conduziu à arte de Velasquez. No N. da Europa teve ainda mais seguidores; os mais directamente afectados foram G. de la Tour, em França, e G. Honthorst, na Holanda, e Rembrandt aprendeu muito com ele.

CAPRICCIO (It. Capricho)

Termo utilizado para referir quadros inventados, fantasiosos ou semelhantes a colagens, sendo os exemplos mais notáveis Los Caprichos de Goya. Canaletto, Guardi e Pannini também executaram pinturas e gravuras a água-forte de cidades imaginárias ou combinaram diferentes pormenores e pontos de vista num único quadro.

CAMERA OBSCURA («escura») e LUCIDA («clara»)

 Dispositivos que utilizam a luz para projectar uma imagem de uma paisagem, retrato, etc., em papel; o artista pode então copiá-la ou declará-la. A c.o. (em que uma imagem invertida é projectada através de um pequeno orifício numa superfície em uma sala obscurecida) utiliza um princípio óptico que torna possível a fotografia. A c.l. utiliza um prisma para projectar uma imagem numa superfície de desenho.

CAMDEN TOWN, O Grupo de

 Inspirado por Sckert e formado em 1911 por pintores ingleses que introduziram o Pós-impressionismo na Inglaterra, este grupo, que mais tarde se fundiu como o Grupo de Londres, incluía F. S. Gore e H. Gilman.

CALIGRAFIA

Foi classificada como uma das belas-artes na China desde o séc. IV d.C. O pincel é utilizado quer para a escrita quer para a pintura, e a palavra escrita é um ideograma visual e não, como no Oriente, o equivalente de um som por meio de símbolos fonéticos. Muito embora as pinceladas na China devam ser espontâneas e cheias de vitalidade, a sua execução e apreciação estão limitadas por regras estritas. Cada carácter deve distribuir as suas intensidades de tinta e linhas num campo rectangular próprio; trata-se simultaneamente de uma composição abstracta e de parte da efusão da frase. A concentração estética nas pinceladas foi recentemente adoptada como um estilo na pintura por pintores ocidentais modernos, tais como Kline, Michaux e Tobey, sob directa influência japonesa.

CABARET VOLTAIRE

 Fundado por Hugo Ball para artistas e escritores da avant-garde, abriu a 5 de Março de 1916 no Meierei Café, em Zurique. J. Arp, M. Janco, T. Tzara e outros dadaístas reuniram-se aí e lançaram o movimento Dada.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

RAYONISMO

Mikhail Larionov

Mikhail Larionov

Se trata de un movimiento artístico iniciado en Rusia, en el Salón de la libre Esthétique de Moscú, en 1909, por Miguel Larionov y Natalia Goncharova, y profundizado en 1913. Es una síntesis de cubismo , futurismo y orfismo. El nombre “Rayonismo” se refiere a los "rayos de colores", ordenados en rítmicas y dinámicas secuencias, que construyen el espacio pictórico de esta práctica. El cuadro debe parecer que flota en el tiempo y en el espacio, gracias a rayos de colores paralelos y perpendiculares.
(Artelista)

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