Paris através da janela
1913
Marc
Chagall
Marc
Chagall (Vitebsk, Bielorrússia, 7 de julho de 1887 — Saint-Paul-de-Vence,
França, 28 de março de 1985) foi um pintor, ceramista e gravurista surrealista
judeu russo-francês.
Nascido
Mojša Zacharavič Šahałaŭ (em bielorrusso, Мойша Захаравіч Шагалаў; em russo,
Мовшa Хацкелевич Шагалов, romanizado Movsha Zatskelevich Shagalov), no seio de
uma família judaica, na sua juventude entrou para o ateliê de um retratista
famoso da sua cidade natal. Lá aprendeu não só as técnicas de pintura, como a
gostar e a exprimir-se nessa arte. Ingressou, posteriormente, na Academia de
Arte de São Petersburgo, de onde rumou para a próspera cidade-luz, Paris.
Ali
entrou em contacto com as vanguardas modernistas que enchiam de cor, alegria e
vivacidade a capital francesa. Conheceu também artistas como Amedeo Modigliani
e La Fresnay. Todavia, quem mais o marcou, deste próspero e pródigo período,
foi o modernista Guillaume Apollinaire, de quem se tornou grande amigo.
É
também neste período que Chagall pinta dois dos seus mais conhecidos quadros:
Eu e a aldeia e O Soldado bebé, pintados em 1911 e 1912, respectivamente.
Os
títulos dos quadros foram dados por Blaise Cendrars. Coube a Guillaume
Apollinaire selecionar as obras que seriam posteriormente expostas em Berlim,
no ano em que a Primeira Guerra Mundial rebentou, em 1914.
Neste
ano, após a explosão da guerra, Marc Chagall volta ao seu país natal, sendo,
portanto, mobilizado para as trincheiras. Todavia, permaneceu em São
Petersburgo, onde casou um ano mais tarde com Bella, uma moça que conheceu na
sua aldeia.
Depois
da grande revolução socialista na Rússia, que pôs fim ao regime autoritário
czarista, foi nomeado comissário para as belas-artes, tendo inaugurado uma
escola de arte, aberta a quaisquer tendências modernistas. Foi neste período
que entrou em confronto com Kasimir Malevich, acabando por se demitir do cargo.
Retornou
então, a Paris, onde iniciou mais um pródigo período de produção artística,
tendo mesmo ilustrado uma Bíblia. Em 1927, ilustrou também as Fábulas de La
Fontaine, tendo feito cem gravuras, somente publicadas em 1952. São também
deste ano conhecidas as suas primeiras paisagens.
Visitou
em 1931 a Palestina e, depois, a Síria, tendo publicado, em memória destas duas
viagens o livro de carácter autobiográfico Ma vie (em português: "Minha
vida").
Desde
1935, com a perseguição dos judeus e com a Alemanha prestes a entrar em mais
uma guerra, Chagall começa a retratar as tensões e depressões sociais e
religiosas que sentia na pele, já que também era judeu convicto.
Anos
mais tarde, parte para os Estados Unidos, onde se refugia dos alemães. Lá, em
1944, com o fim da guerra a emergir, Bella, a sua mulher, falece, facto que lhe
causa uma enorme depressão, mergulhando novamente no mundo das evocações, dos
chamamentos, dos sonhos. Conclui este período com um quadro que já havia
iniciado em 1931:Em torno dela.
Dois
anos depois do fim da guerra, regressa definitivamente à França, onde pintou os
vitrais da Universidade Hebraica de Jerusalém.
Na
França e nos Estados Unidos pintou, para além de diversos quadros, vitrais e
mosaicos. Explorou também os campos da cerâmica, tema pelo qual teve especial
interesse.
Em
sua homenagem, em 1973 foi inaugurado o Museu da Mensagem Bíblica de Marc Chagall,
na famosa cidade do sul da França, Nice. Em 1977 o governo francês condecorou-o
com a Grã-cruz da Legião de Honra.
Tendo
sido um dos melhores pintores do século XX, Marc Chagall faleceu em
Saint-Paul-de-Vence, no sul da França, em 1985.
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