quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Frei Carlos


Ascensão, c. 1530. Museu Nacional de Arte Antiga

Frei Carlos ou Frei Carlos de Lisboa ( ? — 1540) é nome pelo qual ficou conhecido no mundo da arte um frade de origem flamenga, sendo filho ou neto de flamengos, mas nascido em Lisboa, e que, depois de professar em 1517 como freire da Ordem de São Jerónimo, no Convento do Espinheiro, junto a Évora, se notabilizou como pintor de retábulos e de outras obras de carácter devocional.
Este monge-pintor, conhecido enigmaticamente apenas por Frei Carlos, foi uma das mais importantes figuras da pintura retabular peninsular das primeiras décadas do século XVI. Alguns dos grandes painéis que a sua oficina pintou para igrejas conventuais estão entre as obras mais apreciadas das colecções do Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa.
Relativamente ao seu trabalho, sabe-se que trabalhou também para outros conventos hieronimitas em Portugal, nomeadamente o de Belém e o de Santa Marinha da Costa, perto de Guimarães. Dada a falta de unidade técnica e estilística detectadas em pinturas saídas do Espinheiro, admite-se que, face a uma produção volumosa, Frei Carlos fosse o mestre de uma oficina que trabalharia em moldes semelhantes às de outras que funcionavam “à sombra dos mosteiros”.

A par de Francisco Henriques e do Mestre da Lourinhã, Frei Carlos é considerado um dos mais importantes pintores flamengos da pintura quinhentista em Portugal.

Joaquim Rodrigo


“S.M”, 1961, Joaquim Rodrigo

Joaquim Rodrigo
Joaquim José Cardoso Rodrigo nasceu a 7 de julho de 1912, em Lisboa. Apesar de o ambiente familiar não ter qualquer ligação às artes plásticas, o pai era oficial da Marinha Mercante, o que implicava muitas viagens e, em 1928, vive durante oito meses com a família em Sevilha, onde assiste à Exposição Universal, memória que será recorrente ao longo da sua vida.
Casa-se, em 1934, com Maria Henriqueta Correia de Miranda, filha do escritor Carlos Amaro, passando a viver em casa dos sogros onde encontra um ambiente familiar animado por convívios e leituras de poesia que o introduzem numa vivência cultural diferente da que conhecia.
Em 1938 inicia a sua atividade profissional como engenheiro agrónomo adjunto da Câmara Municipal de Lisboa no Parque Nacional de Monsanto. Conclui o curso de Engenharia agrónoma do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa em 1939. Continua o seu trabalho no Parque Nacional de Monsanto e, em 1943, conclui o curso de engenheiro silvicultor na mesma instituição.
Depois de uma viagem a Itália e França, em 1949, regressa a Lisboa e inscreve-se, no ano seguinte, num curso noturno de pintura da Sociedade Nacional de Belas-Artes, que acaba por abandonar em 1951. Neste ano, expõe pela primeira vez na SNBA local onde terá exposições que se sucederão ao longo de muitos anos.
Em 1952 realiza uma grande viagem pela França, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Holanda e Bélgica. Nestes países visita inúmeros museus conhecendo um panorama atualizado da arte contemporânea. Isto reflete-se nas suas pinturas, surgindo os seus primeiros óleos sobre tela, abstratos, levando a sua pintura, em 1953, a atingir um desenvolvimento que o projeta como um valor relevante do abstracionismo.
A partir de 1955, a sua pintura retoma um geometrismo mais rigoroso para, em 1961, se alterar radicalmente aceitando a inscrição de signos figurais ou verbais, muitos deles oriundos da cultura popular. Os títulos tornam-se crípticos, de forma a mitigar a alusão a factos políticos.
Devido ao seu trabalho como engenheiro silvicultor, a sua produção artística abranda, sendo retomada em 1968 depois de outra grande viagem cujas memórias, desta e de outras que fará até 1974, serão recorrentes ao longo da sua obra. Deste modo, o tema das viagens torna-se exclusivo, sofrendo a sua pintura uma nova transformação que sintetiza e reduz a quantidade de signos virtuais e verbais.

Em março de 1972 realiza uma exposição retrospetiva da sua obra no grande salão da SNBA. No dia 15 de abril de 1974 aposenta-se da Câmara Municipal de Lisboa, dedicando-se, depois da revolução, ao seu trabalho teórico publicando vários livros. De outubro de 1977 a junho de 1979 dirige um curso de pintura na SNBA praticamente interrompendo a sua atividade artística mas retomando-a intensamente em 1980 até à data da sua morte, no dia 11 de janeiro de 1997.

Raoul Dufy


Raoul Dufy, Regatta at Cowes, (1934), Washington, D.C. National Gallery of Art.


Raoul Dufy (Le Havre, 3 de junho de 1877 --- Forcalquier, 23 de março de 1953) foi um pintor, gravador e decorador francês. Impressionista a princípio, evoluiu gradativamente para o fauvismo, depois de travar contato com Matisse. Iniciou seus estudos em 1892 na Escola Municipal das Belas Artes e mudou-se para Paris em 1900. Inicialmente impressionista, influenciado por Toulouse-Lautrec, abandonou o estilo, tornando-se fovista. Conhecido como o pintor das cores alegres, o artista também se destacou como gravador e pelas tapeçarias, em obras como Eletricidade, na Exposição Internacional de 1937, em Paris.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Gregório Lopes


Gregório Lopes
Visitação, c. 1527. Museu Nacional de Arte Antiga

Gregório Lopes (Portugal, c. 1490 - 1550). Foi uma das personalidades mais marcantes na pintura portuguesa da primeira metade do século XVI, pintor régio de D. Manuel I e D. João III, cedo aderiu à mudança cultural e artística que levou à italianização da arte portuguesa, nos finais da década de trinta de 1500. Representante do Renascimento evoluído em Portugal, foi o pintor que introduziu o «Primeiro Maneirismo de Antuérpia» em Portugal.
Em 1513, Gregório Lopes já exercia o ofício de pintor e, em 1514, trabalhava na Oficina de Jorge Afonso, em Lisboa, sendo casado com uma filha deste, Isabel Jorge. Nesta Oficina foi companheiro de Pêro Vaz e Garcia Fernandes, de Lisboa, e de Gaspar Vaz, de Viseu. O seu nome volta a aparecer em 1515 em escrituras relativas à casa e terrenos que possuía junto ao Mosteiro de São Domingos, em Lisboa.
Em 1518, trabalhou sob a chefia de Francisco Henriques, em parceira com Garcia Fernandes, Cristóvão de Figueiredo, André Gonçalves e outros pintores portugueses e flamengos, na importante obra de pintura encomendada pelo rei D. Manuel I para a Casa da Relação de Lisboa - vasto conjunto que ficou incompleto, devido talvez à morte de Francisco Henriques nesse mesmo ano, e que depois se perdeu.
Por carta régia de 25 de abril de 1522, o rei D. João III nomeava-o seu pintor; nela se dizia que Gregório Lopes já o fora de D. Manuel I, embora não se tivesse feito o respetivo registo. Em 1524, foi ordenado pelo rei Cavaleiro do Hábito da Ordem de Santiago, por instigação de D.Jorge de Lencastre, Mestre da Ordem Militar dos Espatários, para a qual o pintor trabalhava. Em 1526, era-lhe fixada uma tença anual de 5.000 reais e 1 moio de trigo, por sua qualidade de pintor régio.
Após 1530, Gregório Lopes executou, decerto numa oficina já sua, o retábulo "Martírios de S. Quintino" para a Igreja de S. Quintino, em Sobral de Monte Agraço, construída nessa data, a qual está gravada no portal manuelino do referido templo; tal pintura perdeu-se e nada tem que ver com outras pinturas existentes na mesma igreja, de motivos diversos e de época posterior.
Entre os anos 1533 e 1534, Gregório Lopes colaborou com os pintores Garcia Fernandes e Cristóvão de Figueiredo, em Lamego, na execução dos painéis do Mosteiro de Ferreirim, como está provado documentalmente. Por esse trabalho conjunto, habitual à época, os três membros desta parceria passaram a ser denominados Mestres de Ferreirim, havendo dúvidas sobre a parte que porventura caberá a cada um deles neste conjunto pictórico, atribuindo-se-lhes outras obras de características afins, e realizadas em parceira, onde é difícil encabeçar a sua autoria firmemente num só dos três parceiros.
A partir de 1536 e durante os anos seguintes, sob o mecenato de Frei António de Lisboa, trabalhou no Convento de Cristo, em Tomar, como se verifica por um documento de Setembro desse ano, do arquivo do mosteiro e hoje na Torre do Tombo, segundo o qual o artista recebera a avultada quantia de 168.000 reais pela execução de alguns painéis para a charola - "Martírio de S. Sebastião" (hoje no Museu Nacional de Arte Antiga), "Santo António pregando aos peixes" e "S. Bernardo" (em Tomar) e "Santa Madalena" (desaparecido), alem do retábulo para a capela de Nossa Senhora, do mesmo mosteiro, de que resta no Museu Nacional de Arte Antiga o lindo painel "A Virgem, o Menino e Anjos", proveniente de Tomar e atribuído por Émile Bertaux, primeiramente, ao Mestre do Paraíso. Francisco Augusto Garcês Teixeira identificou o "Martírio de S. Sebastião" como sendo obra deste artista, mencionada nos documentos coevos, por as suas dimensões permitirem integrá-lo na série da charola. Este precioso conjunto tomarense e o da Igreja do Convento do Bom Jesus de Valverde, em Évora, constituem, pois, segura base de identificação da obra do pintor, da sua técnica e do seu estilo.
Artista palaciano, Gregório Lopes amava a pompa, o luxo, as cores quentes e cariciosas, o largo e vistoso decorativismo. Como o acentua Reynaldo dos Santos, possuía grande sentimento da composição e as suas Virgens e as mais figuras femininas têm suavidade no oval do rosto, na rósea carnação, na doçura do olhar. Atribuindo primacial importância ao desenho, fazia predominar o traço sobre a mancha, ao contrário de Francisco Henriques, Cristóvão de Figueiredo e Garcia Fernandes; por outro lado, nas suas pinturas, usava de preferência matéria densa.
Dadas as suas características, também lhe são atribuídas as duas séries de pinturas da Igreja de S. João Baptista, em Tomar - a de "S. João Baptista" ou "de Salomé" e a "da Eucaristia" - de colorido opulento e de nobre sentimento decorativo, como o sustentou José de Figueiredo, tanto mais que as obras da dita igreja tomarense dependiam do Convento de Cristo, onde se sabe que trabalhou este pintor régio.
José de Figueiredo atribuiu a Gregório Lopes as seguintes obras: "Assunção da Virgem", da Igreja de Sardoura; "Santa Catarina e um dignitário da Igreja", pintura esta em que, segundo o Abade de Castro, as personagens seria D. Catarina, filha do rei D. Duarte, e o Cardeal D. Jorge de Costa; o retábulo da Igreja do Castelo, de Abrantes, hoje Museu Regional D. Lopo de Almeida, com a possível colaboração de Jorge Afonso; "O Menino entre os doutores", proveniente do Convento da Encarnação, de Lisboa, hoje no Museu Nacional de Arte Antiga; as tábuas de "S. Vicente", "S. Lourenço", "S. Roque", "Santo António" e "S. Sebastião", da Igreja de Santa Cruz, de Coimbra; a série das "Alegrias de Maria", do retábulo da Igreja de Jesus, de Setúbal, e bem assim a série dos santos franciscanos do mesmo retábulo, esta de colaboração com seu filho Cristóvão Lopes. Por outro lado identificou-o com o Mestre de Santa Auta, em cujo belo e decorativo retábulo, pleno de fausto, com figuras femininas delicadas e enternecedoras, há inegáveis pontos de identidade com a arte deste mestre. Também se inclinava a pensar que o retábulo do chamado Mestre de S. Bento devia ser fruto da colaboração de Gregório Lopes e de Cristóvão Lopes, pois é de crer que este tenha colaborado ativamente nas obras da última fase da vida de seu pai. José de Figueiredo deu-lhe ainda a autoria do célebre "Retrato de Vasco da Gama", do Museu Nacional de Arte Antiga, que depois preferiu classificar mais genericamente como provindo da sua oficina.
Outras obras lhe têm sido atribuídas, como: "A Virgem visitando Santa Isabel", do Museu Nacional de Arte Antiga, de iluminação e colorido venezianos; a "Adoração dos Magos", do mesmo museu, com três soberbos retratos de doadores; algumas tábuas da Capela de Nossa Senhora da Assunção, em Cascais, como "Nascimento de Cristo" e "Reis Magos" no altar-mor e o díptico "Anunciação" na capela do Santíssimo, todas de bela composição e intenso cromatismo; e, a admitir, como parece plausível a sua identificação com o Mestre de Santa Auta, retábulo onde surgem, airosas, caravelas manuelinas, também o lindo painel com naus portuguesas existente no National Maritime Museum, em Greenwich, Londres, marinha que, conforme o acentua Reynaldo dos Santos, dir-se-ia dum precursor de Breughel.

É-lhe ainda atribuído o retábulo da Capela de Nossa Senhora dos Remédios, em Alfama (Lisboa), bem como o conjunto da Igreja do Convento do Bom Jesus de Valverde, em Évora, executado em meados do ano de 1544, (conjunto vulgarmente designado por Série da Mitra) onde se representam uma "Natividade", o "Calvário" e "Ressurreição".

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Francisco Henriques



Os mártires do Marrocos, c. 1508. Museu Nacional de Arte Antiga

Francisco Henriques ou Francisco Anriques (Flandres, ? - Portugal, 1518) foi um pintor ativo em Portugal no início do século XVI. As obras que lhe são atribuídas mostram um perfeito domínio do ofício, seguindo um estilo gótico tardio de grande elegância.
Pouco se sabe sobre sua vida, mas é certo que chegou a Portugal por volta do ano de 1500, vindo de Bruges, na Flandres, onde pode ter sido aluno de Gerard David. Parece que seu primeiro trabalho em Portugal foi o retábulo da Sé de Viseu, liderando uma oficina da qual participava Vasco Fernandes, então um jovem aprendiz.
Depois trabalhou na decoração de várias igrejas, especialmente no retábulo-mor e nos painéis das capelas laterais da Igreja de São Francisco de Évora, o mais notável e mais belo agrupamento de pintura manuelina, hoje quase na sua totalidade à guarda do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, e na Casa dos Patudos, em Alpiarça, executado por Francisco Henriques de 1507 a 1511.
José de Figueiredo atribuiu-lhe, sem base documental, o "Retábulo da Vida de São Tiago", do Convento de Palmela, por o datar da época do apogeu do artista.

Em 1518, Francisco Henriques foi designado para fazer um importante conjunto de pinturas para o Tribunal da Relação, obra a que meteu ombros ajudado por vários oficiais flamengos e também por pintores portugueses de categoria, como o seu futuro genro Garcia Fernandes e porventura André Gonçalves, Cristóvão de Figueiredo e Gregório Lopes. Chefiar um tal grupo de artistas é testemunho flagrante de valor e prestígio. Este conjunto que não chegou a concluir-se perdeu-se, infelizmente, talvez no Terramoto de 1755; Garcês Teixeira supõe que dele provenha a impressionante tábua quinhentista «O Inferno», no Museu Nacional de Arte Antiga. No mesmo ano de 1518, porém, Francisco Henriques findava os seus dias vítima da peste que então assolou Lisboa e ceifou também os seus sete oficiais flamengos e alguns escravos ao seu serviço. O mestre pintor permanecera em Lisboa, com os perigos da epidemia, por determinação de D. Manuel I, que tinha a peito ver a obra concluída sem demora.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

António Nogueira


Descida da cruz, 1564. Museu Regional de Beja
António Nogueira (Portugal, ? - Évora, 1575) foi um pintor maneirista de Portugal, ativo na segunda metade do século XVI.
Suas primeiras obras registradas foram dois retábulos executados em 1564 para Igreja de S. Estevão de Beringel, contratados por D. Pedro de Sousa, mas que se perderam. Em 1564, produziu um retábulo para a Misericórdia da Beja, e depois outros para a Igreja Matriz do Lavradio e Igreja do Espírito Santo de Ferreira do Alentejo.

Suas obras são caracterizadas por forte tensão entre as formas e composição agitada por figuras e vestes em movimento contra fundos de índole geométrica.

Nuno Gonçalves


Nuno Gonçalves: Políptico de São Vicente.
Aparentemente foi pintor de D. Afonso V em 1450. Francisco de Holanda no seu Da Pintura Antiga (Lisboa, 1548), refere-se a Nuno Gonçalves como uma das" águias" um dos mestres do século XV - mas o seu nome e os seus trabalhos perderam-se na história.

A sua obra prima para a catedral de Lisboa foi destruída no terramoto de 1755, e a sua outra obra com o tema de São Vicente, o santo patrono de Lisboa e da casa real de Portugal, esteve desaparecida até 1882, quando foi descoberta no convento de São Vicente. Não foi senão em 1931, quando sua obra foi exposta em Paris, que Gonçalves recebeu o reconhecimento internacional que merecia. O Políptico de São Vicente (hoje no Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa) consiste em seis paíneis, dois largos e quatro mais estreitos, dominado pela figura do Infante Santo.

Martins Barata


Martins Barata
Fresco no Palácio de Justiça de Vila Pouca de Aguiar (1969)
(3.00 m x 6.00 m)
O Decepado
O fresco representa o Alferes Mor Duarte de Almeida,
natural de Vila Pouca de Aguiar, que decepado,
manteve heroicamente, drapejando nos ares, o estandarte português,

na batalha do Toro, em 1 de Março de 1476.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Amedeo Modigliani


Madame G Van Muyden

Amedeo Modigliani, 1906.
Nome completo    Amedeo Clemente Modigliani
Nascimento 12 de julho de 1884, Livorno
Morte 24 de janeiro de 1920 (35 anos), Paris
Residência  Paris
Nacionalidade      Itália italiano
Cônjuge      Jeanne Hébuterne
Filho(s)       Jeanne Modigliani (1918-1984)
Ocupação   Artista plástico e escultor
Movimento estético        Modernismo
Amedeo Clemente Modigliani (Livorno, 12 de julho de 1884 — Paris, 24 de janeiro de 1920) foi um artista plástico e escultor italiano que viveu em Paris.
Artista principalmente figurativo, tornou-se célebre sobretudo por seus retratos femininos caracterizados por rostos e pescoços alongados, à maneira das máscaras africanas.
Morreu aos trinta e cinco anos, em condições de extrema pobreza material, vítima de meningite tuberculosa, agravada pelo excesso de trabalho, álcool e drogas.
Modigliani nasceu em uma família judia, em Livorno, Itália.
Seu trisavô materno, Solomon Garsin, emigrara de Túnis para Livorno no século XVIII. Os Garsin eram originários da Espanha, de onde haviam sido expulsos, no final do século XV, transferindo-se para Túnis.1 2 Depois eles se transferiram para Livorno, onde nasceu o bisavô materno de Amedeo Mogigliani, Giuseppe Garsin - filho de Salomon Garsin e de Régine Spinoza.
Já a família paterna, os Modigliani, era provavelmente oriunda de Modigliana, perto de Forli, na região da Romagna. Antes de se estabelecerem em Livorno, teriam vivido em Roma, onde exploravam uma casa de penhores. Segundo Jeanne Modigliani, um certo Emanuele Modigliani teria sido encarregado pelo governo pontifical de fornecer o cobre necessário às emissões extraordinárias de moedas dos dois ateliês pontificais. Posteriormente, não obstante uma lei dos Estados Pontifícios que proibia a posse de terras por judeus, Emmmnuele teria adquirido um vinhedo nas encostas do Albani, sendo, logo em seguida, obrigado pelas autoridades a se desfazer da vinha. Inconformado, ele teria então deixado Roma, com toda a sua família, para se instalar em Livorno, em 1849. Naquele mesmo ano, Giuseppe Garsin, depois de sofrer sérios reveses nos negócios, decide deixar Livorno e partir , com a mulher, Anna Moscato, e o filho, Isaac, para Marselha onde foi bem-sucedido.
Amedeo Modigliani foi o quarto filho de Flaminio Modigliani e sua esposa Eugénie Garsin, filha de Isaac e Régine Garsin. Na época, os Garsin eram relativamente abastados - sobretudo um dos irmãos de Eugénie, Amédée Garsin, que enriquecera especulando com imóveis e mercadorias. Já os Modigliani tinham empobrecido, chegando à falência. Flaminio dedicava-se aos vários negócios da família, que incluíam mineração e agricultura na Sardenha, além de atividades comerciais em Livorno. Mas os negócios andaram mal. Foi o nascimento de Amedeo que salvou a família da ruína total, pois, de acordo com uma lei antiga, os credores não podiam tomar a cama de uma mulher grávida ou de uma mãe com um filho recém-nascido. Os oficiais de justiça entraram na casa da família, justamente quando Eugénie entrou em trabalho de parto. A família então protegeu seus pertences mais valiosos colocando-os por cima da cama da parturiente.
Na infância, Amedeo sofreu de diversas doenças graves - pleurisia, tifo e tuberculose -, que comprometeram sua saúde pelo resto da vida e cujo tratamento forçava-o a constantes viagens, até sua mudança definitiva para Paris, em 1906. Também por causa da saúde precária não recebeu educação formal e voltou-se para o estudo da pintura, iniciado na cidade natal, que prosseguiu em Veneza e Florença. Teve uma estreita relação com sua mãe, que lhe deu aulas até que ele completasse dez anos, e começou a desenhar e pintar precocemente, antes mesmo de ir para a escola. Aos quatorze anos, durante uma crise de febre tifóide, ele delirava e, em seu delírio, falava que queria acima de tudo ver as pinturas no Palazzo Pitti e nos Uffizi, em Florença. Sua mãe então prometeu a ele que, assim que se recuperasse, ela o levaria a Florença; de fato, não só cumpriu a promessa como permitiu que o filho fosse trabalhar no estúdio de Guglielmo Micheli, um dos pintores mais conhecidos de Livorno, de quem Amedeo recebe as primeiras noções de pintura. No ateliê de Micheli, ele conhecerá, em 1898, o grande Giovanni Fattori, sendo assim influenciado pelo movimento dos Macchiaioli, em particular pelo próprio Fattori e por Silvestro Lega.
Em 1906, Modigliani transfere-se para Paris e, ao fim de três anos de vida boêmia, executa uma de suas obras mais importantes: O violoncelista, que expôs no Salão dos Independentes de 1909.
Modigliani, Pablo Picasso e André Salmon em Montparnasse (1916).
Como outros pintores e artistas do seu tempo, viveu a experiência da extrema pobreza. Por meio dos companheiros de arte, conheceu o poeta polaco Leopold Zborowski, que se tornaria seu melhor e mais devotado amigo, além de incentivador e marchand. Em 1917, Zborowski consegue para Modigliani uma exposição individual na Gallerie Berthe Weill. A exposição durou apenas um dia, pois se transformou num escândalo graças aos nus expostos na vitrine da galeria.
A grande musa de Amedeo foi Jeanne Hébuterne, com quem teve uma filha, Jeanne, em 1918. Complicações na saúde fazem o pintor viajar para o sul da França com a esposa e a filha, a fim de recuperar-se. Retorna a Paris ao final de 1918.
Na noite de 24 de janeiro de 1920, aos 35 anos, Modigliani morre de tuberculose. Foi sepultado no famoso Cemitério do Père-Lachaise, em Paris.
No dia seguinte à morte do companheiro, Jeanne, grávida de nove meses, suicida-se, atirando-se do quinto andar de um edifício.
Fruto de diversas culturas, amigo de tantos artistas e encontrando-se numa conturbada fase de questionamentos e transições, sua obra entretanto não pode ser considerada filiada a nenhuma escola, sendo toda ela dotada de um estilo próprio e autônomo.
Seus nus, que provocaram escândalo em seu tempo, revelam não sensualidade, mas um desnudamento da alma humana. Seu estilo faz parte de um momento em que a arte pictórica, confrontada à fotografia, lutava para manter seu espaço, seus valores e sua estética.
O encontro com o escultor Constantin Brancusi marcou a carreira de Modigliani, que por um longo período abandonou a pintura pela escultura. Impressionado pelo cubismo, muito influenciado por Cézanne, Toulouse-Lautrec e Picasso, o artista executou nesse período esculturas nas quais se misturam influências da escola de Siena e da arte da África negra, sobretudo das esculturas do Congo e do Gabão. Nota-se em suas esculturas uma forte influência da arte africana e cambojana, que provavelmente conhecera no Musée de l'Homme. Seu interesse pelas máscaras africanas é evidente no tratamento dos olhos de seus modelos.
A partir de 1912, com o agravamento de sua doença, Modigliani abandona a escultura, concentrando-se apenas na pintura.

Georges Braque



Violin and Pitcher - Georges Braque, 1909-1910

Georges Braque (Argenteuil, 13 de maio de 1882 — Paris, 31 de agosto de 1963) foi um pintor e escultor francês, que fundou o cubismo juntamente com Pablo Picasso.
Braque iniciou a sua ligação às cores na empresa de pintura decorativa de seu pai. A maior parte da sua adolescência foi passada em Le Havre, mas no ano de 1899, mudou-se para Paris onde, em 1906, no Salão dos Independentes, expôs as suas primeiras obras no estilo de formas simples e de cores puras (fauvismo).
No Outono de 1907, conheceu Picasso com quem se deu quase diariamente até que em 1914, devido à Grande Guerra se separaram.

Braque foi ferido na cabeça em 1915, tendo sido agraciado com a Cruz de Guerra e da Legião de Honra. Durante dois anos, devido ao ferimento esteve afastado da pintura, tendo retornado em 1917 focando-se em naturezas-mortas e pinturas figurativas, sempre dentro de uma formulação cubista.

Pablo Picasso


Família de Saltimbancos

Pablo Picasso
Nascimento 25 de Outubro de 1881, Málaga, Andaluzia,  Espanha
Morte 8 de Abril de 1973 (91 anos), Mougins, Provença-Alpes-Costa Azul
 França
Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, ou simplesmente Pablo Picasso (Málaga, 25 de outubro de 1881 — Mougins, 8 de abril de 1973), foi um pintor, escultor e desenhista espanhol, tendo também desenvolvido a poesia.
Foi reconhecidamente um dos mestres da arte do século XX. É considerado um dos artistas mais famosos e versáteis de todo o mundo, tendo criado milhares de trabalhos, não somente pinturas, mas também esculturas e cerâmica, usando, enfim, todos os tipos de materiais. Ele também é conhecido como sendo o co-fundador do Cubismo, junto com Georges Braque.
Nasceu na cidade de Málaga, em Andaluzia, região da Espanha, e recebeu o nome completo de Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, filho de María Picasso y López e José Ruiz Blasco.
Em torno do seu nascimento surgiram várias lendas, algumas das quais Picasso se esforçou para promover. Segundo uma delas, Pablo nasceu morto e a parteira dedicou a sua atenção à mãe acamada. Só o médico, Don Salvador, o salvou de uma morte por asfixia soprando-lhe fumo de um charuto na face. O fumo fez com que Picasso começasse a chorar. O seu nascimento no dia 25 de outubro de 1881, às onze e um quarto da noite, seria assim descrito por Picasso aos seus biógrafos, que assim o publicavam de boa vontade.
Roland Penrose, um dos mais conhecidos biógrafos de Picasso, procurou nas suas origens a razão da sua genialidade e da sua abertura à arte, algo natural na compreensão de um gênio. Na geração dos seus pais são vários os vestígios. O seu pai era pintor e desenhista, de bem medíocre talento. Don José dedicava-se a pintar os pombos que pousavam nos plátanos da Plaza de la Merced, perto da sua casa1 . Ocasionalmente, pedia ao filho para lhe acabar os quadros. A linhagem paterna possibilitou-se estudar até ao ano de 1841. Da descendência materna pesquisada, Dona María contava entre os antepassados com dois pintores. As feições de Picasso são também semelhantes às da mãe.
Os primeiros dez anos de vida de Pablo são passados em Málaga. O salário pequeno do pai como conservador de museu e professor de desenho na Escuela de San Telmo a custo assegurava o sustento da família. Quando lhe ofereceram uma colocação com melhor remuneração no Instituto Eusébio da Guarda, no norte do país, à hesitação sobrepôs-se a necessidade, e junto com a família, don José parte para a Corunha, capital de província à beira do Oceano Atlântico.
Os desenhos de infância de Picasso representavam cenas de touradas. Sua primeira obra, preservada, era um óleo sobre madeira, pintada aos oito anos, chamada O Toureiro. Picasso conservou esse trabalho por toda a sua vida, levando-o consigo sempre que mudava de casa. Anos mais tarde pintou outro quadro semelhante, A morte da mulher destacada e fútil. Picasso está zangado e rebelde. Este quadro é claramente uma expressão injuriosa da sua relação com a mulher.
A preocupação principal do pai com o pequeno Pablo era o seu aproveitamento escolar, mas nem por isso dispensou a oportunidade de fomentar o talento do filho. Desenhar foi desde cedo a forma mais adequada de Picasso se exprimir e, talvez por isso, secundário.1
Recusa claramente o ensino usual, e encarrega-se ele próprio da sua formação artística1 . Com treze anos, e seguindo o modelo do pai, Picasso atingira já a perícia do progenitor (que também não era de grande refinamento). Ao contrário do que apontam algumas listas, Picasso era destro, como se pode ver no célebre documentário The Mystery of Picasso.
A família transferiu-se novamente, desta vez a Barcelona, na primavera de 1895, e a prova de admissão na escola de arte La Lonja é feita com sucesso. Os trabalhos que deveria apresentar ao fim do mês, Pablo apresentava-os ao fim de poucos dias, ao cabo que o seu trabalho se destacava, inclusive, do dos finalistas.1 Com quatorze anos, Picasso conseguia superar as exigências de uma conceituada academia de arte. Trabalhos académicos, que segundo o próprio, ao cabo de vários anos o assustavam. Os trabalhos que fazia colocavam-no na série de conceituados pintores de Barcelona, como Santiago Rusiñol e Isidro Nonell, e o seu quadro A Primeira Comunhão é exposto na célebre exposição da época na cidade.1 Apesar de ter optado por uma temática religiosa, este não deixa de ser um acontecimento privado, do plano familiar. Apesar de realista e de satisfazer as exigências académicas, por outro lado a obra acaba por ser uma tentativa de combate ao convencionalismo.
Depois de uma estadia em Málaga, em 1897 instala-se em Madrid.
Em Madrid, instalado num novo atelier, inscreve-se na mais próspera e conceituada academia de artes espanhola, a Real Academia de Belas-Artes de São Fernando1 . Constantemente, visita o Museu do Prado, onde copiava os grandes mestres, captava-lhes o estilo e tentava imitá-lo, o que se revelou, por um lado, um avanço, pois desenvolvia capacidade efémeras, e por outro lado, uma estagnação de um génio criativo limitado à cópia do trabalho dos históricos, cujas obras também vieram a ser alvo de uma revisitação e reinterpretação de Picasso em fases mais avançadas.
Porém, a sua estadia em Madrid é interrompida. No início de Julho daquele ano, Picasso adoece com escarlatina e a recuperação obriga-o a retornar a Barcelona, recolhendo-se logo a seguir com Manuel Pallarés, seu amigo, para a aldeia Horta de Ebro, nos Pirenéus. O recolhimento ajudou-o a restabelecer novos e ambiciosos projetos que levou a cabo assim que regressou a Barcelona. Afastara-se da academia e do lar paterno, e procurava abrir-se às inovações da arte espanhola, mantendo-se em contato com os seus representantes mais célebres. O espaço de culta da vanguarda espanhola era o café Els Quatr Gats. Ali conheceu os modernistas e rivalizou com a arte destes, influenciada pela Arte Nova francesa e pelas vanguardas britânicas.
Em 1900, nas instalações do mesmo estabelecimento, abre ao público a sua primeira exposição. Entretanto, o desejo de conhecer Paris aumentava ainda mais.
Picasso em Paris
Após iniciar como estudante de arte em Madrid, Picasso fez sua primeira viagem a Paris (1900), a capital artística da Europa. Lá morou com Max Jacob (jornalista e poeta), que o ajudou com a língua francesa. Max dormia de noite e Picasso durante o dia, ele costumava trabalhar à noite. Foi um período de extrema pobreza, frio e desespero. Muitos de seus desenhos tiveram que ser utilizados como material combustível para o aquecimento do quarto.
Picasso, Halmstad.
Em 1901 com Soler, um amigo, funda uma revista Arte Joven, na cidade de Madri. O primeiro número é todo ilustrado por ele. Foi a partir dessa data que Picasso passou a assinar os seus trabalhos simplesmente “Picasso”, anteriormente assinava “Pablo Ruiz y Picasso”.
Na fase azul (1901 a 1905), Picasso pintou a solidão, a morte e o abandono. Quando se apaixonou por Fernande Olivier, suas pinturas mudaram de azul para rosa, inaugurando a fase rosa (1905 - 1906). Trabalhava durante a noite até o amanhecer. Em Paris, Picasso conheceu um selecto grupo de amigos célebres nos bairros de Montmartre e Montparnasse: André Breton, Guillaume Apollinaire e a escritora Gertrude Stein.
Na fase rosa há abundância de tons de rosa e vermelho, caracterizada pela presença de acrobatas, dançarinos, arlequins, artistas de circo, o mundo do circo. No verão de 1906, durante uma estada em Andorra, sua obra entrou em uma nova fase marcada pela influência das artes gregas, ibérica e africana, era o protocubismo, o antecedente do cubismo. O célebre retrato de Gertrude Stein (1905 - 1906) revela um tratamento do rosto em forma de máscara.
Em 1912, Picasso realizou sua primeira colagem, colou nas telas pedaços de jornais, papéis, tecidos, embalagens de cigarros.
Apaixonou-se por Olga Koklova, uma bailarina. Casaram-se em 12 de julho de 1918. Neste período o artista já se tornara conhecido e era um artista da sociedade. Quando Olga engravidou, criou uma série de pinturas de mães com filhos.
Em 1927 conhece Marie-Thérèse Walter, uma jovem francesa com 17 anos, e com a qual o artista manteve uma relação amorosa.
Nos primeiros tempos, a presença da jovem musa nos quadros de Picasso manteve-se oculta, uma vez que o pintor continuava casado com a russa Olga Khokhlova.
A divulgação pública dos retratos de Marie-Thérèse acabou por precipitar a revelação da relação secreta2 . Em 1935 teve uma filha de Marie-Thérèse, chamada Maya Widmaier-Picasso.
Entre o começo e o fim da Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), dedica-se também à escultura, gravação e cerâmica. Como gravador, domina as diversas técnicas: água-forte, água-tinta, ponta-seca, litogravura e gravura sobre linóleo colorido. Além disso, sua dedicação à arte escultórica era esporádica. Cabeça de Búfalo, Metamorfose é um grande exemplo de seu trabalho com esse meio. É considerado um dos pioneiros em realizar esculturas a partir de junção de diferentes materiais.
Em 1943, Picasso conhece a pintora Françoise Gilot e tem dois filhos, Claude e Paloma e encontrou um pouco de paz e pintou Alegria de Viver.
Em 1968, aos 87 anos, produziu em sete meses uma série de 347 gravuras recuperando os temas da juventude: o circo, as touradas, o teatro, as situações eróticas. Anos mais tarde, uma operação da próstata e da vesícula, além da visão deficiente, põe fim às suas actividades. Como uma honra especial a ele, no seu 90.º aniversário, são comemorados com exposição na grande galeria do Museu do Louvre. Torna-se assim o primeiro artista vivo a expor os seus trabalhos no famoso museu francês.

Pablo Picasso morreu a 8 de abril de 1973 em Mougins, França, com 91 anos de idade. Encontra-se sepultado no Castelo de Vauvenargues, Aix-en-Provence, Provença-Alpes-Costa Azul, sul de França.

Jacques Lipchitz


Prometeo estrangulando al buitre (1937)
Bronce. 7.9 x 7.8 in.
Philadelphia Museum of ArtJacques Lipchitz

Nombre completo Chaïm Jacob Lipchitz
Nacimiento:22 de agosto de 1891, Druskininkai, Lituania
Fallecimiento:16 de mayo de 1973. Capri, Italia
Jacques Lipchitz nació como Chaim Jacob Lipchitz en Druskininkai, entonces bajo el dominio de la Rusia zarista y hoy Lituania, hijo de un contratista judío. Primero, bajo influencia de su padre, estudió ingeniería, pero poco después, apoyado por su madre, se trasladó a París (1909) para estudiar en la École des Beaux-Arts y la Académie Julian.
Fue allí, en las comunidades artísticas de Montmartre y Montparnasse cuando se unió a un grupo de artistas que incluían a Juan Gris y Pablo Picasso y donde su amigo, Amedeo Modigliani, pintó El escultor Jacques Lipchitz y su mujer Berthe Lipchitz. Entró a formar parte del grupo de artistas cubistas en 1911. En 1912 expuso en el Salón Nacional de las Bellas Artes y el Salon d'Automne siendo su primera exposición individual en la galería L'Effort Moderne, de Léonce Rosenberg en París en 1920. En 1922 la Barnes Foundation en Merion, Pennsilvania le encargó cinco bajorrelieves. En esta primera etapa sus composiciones estaban reducidas a los elementos estructurales.
Hacia 1925 fueron más dinámicas, experimentando con el arabesco y las transparencias. Llamaba esculturas transparentes a experimentos con formas abstractas. Más tarde desarrolló un estilo más dinámico, que aplicó con elocuente efecto a composiciones animales y figuras de bronce.
Con la ocupación alemana de Francia durante la Segunda Guerra Mundial, y la deportación de judíos a los campos de exterminio nazis, Jacques Lipchitz tuvo que huir de Francia. Con la ayuda del periodista estadounidense Varian Fry en Marsella, escapó del régimen nazi y, en 1941, se exilió a Estados Unidos. Allí acabó estableciéndose en Hastings-on-Hudson, Nueva York.
Su trabajo en el exilio frecuentemente adoptó caracteres monumentales y ejecutó obras próximas al Barroco y al Expresionismo.
Fue uno de los 250 escultores que expusieron en la Tercera Internacional de Escultura celebrada en el Museo de Arte de Filadelfia en el verano de 1949. Se le ha identificado en la fotografía de la revista LIFE que mostraba a 70 de ellos. En 1954 una retrospectiva de Lipchitz viajó desde el MoMA en Nueva York hasta el Centro de Arte Walker en Minneapolis y el Museo de Arte de Cleveland. En 1959, su serie de pequeños bronces titulado «To the Limit of the Possible» (Hacia el límite de lo posible) se mostró en Fine Arts Associates en Nueva York.
Lipchitz enseñó a uno de los artistas contemporáneos más famosos, Marcel Mouly.

A partir de 1963 regresó a Europa donde trabajaba varios meses al año en Pietrasanta, Italia. En 1972 se publicó su autobiografía, con ocasión de una exposición de escultura suya en el Museo Metropolitano de Arte de Nueva York. Jacques Lipchitz murió en Capri, Italia. Su cuerpo fue llevado a enterrar a Jerusalén.

Robert Delaunay


Portuguesa (La gran portuguesa), 1916

Robert Delaunay
Robert Delaunay (12 de abril de 1885 - 25 de outubro de 1941) era um artista francês que usava o abstracionismo e o cubismo em seu trabalho.
Delaunay concentrado no Impressionismo, quando quis trabalhar mais tarde era mais abstrato, reminiscente de Paul Klee. Sua influência chave relacionou-se ao uso bold(realce) da cor, e a um amor desobstruído da experimentação da profundidade e do tom.
Quando era criança, os pais de Delaunay eram divorciados, sendo criado então por seu tio, no La Ronchère (perto de Burges). Começou a pintar em uma idade precoce, e por 1903, produzia imagens maduras em um estilo confiante e impressionista. Em 1908, após um semestre no trabalho militar como um bibliotecário regimental, encontrou-se com Sarah Stern que mais tarde seria Sonia Delaunay, e com quem se casaria mais tarde, apesar de na época ser casada com um negociante de arte alemão.
Em 1909, Delaunay começou a pintar uma série de estudos da cidade de Paris e da Torre Eiffel. No ano seguinte, casou-se com Terk, e o casal se estabelece em um apartamento de estúdio em Paris, onde tiveram mais tarde um filho.
Pelo convite de Wassily Kandinsky, Delaunay junta-se ao grupo "O Cavaleiro Azul" (Der Blaue Reiter), um grupo de artistas abstratos de Munique, em 1911, e sua arte se volta ao abstrato.
Na deflagração da I Guerra Mundial Delaunay e sua esposa encontravam-se de férias na Espanha, e acabaram se estabelecendo com amigos em Portugal durante o conflito. Vieram viver, juntamente com o filho Charles, para Vila do Conde entre o Verão de 1915 e inícios de 1917, numa casa a que chamaram La Simultané. Aí aprofundaram a amizade com os pintores Amadeo de Souza-Cardoso e Almada Negreiros. Robert, tal como Sonia, fascinados pela luz portuguesa, desenvolveu aí as suas teorias sobre a cor simultânea. Neste período, o casal assumiu vários trabalhos desenhando trajes para a ópera de Madrid, e Sonia Delaunay começou um negócio de design de moda. Até meados de 1916 tiveram, em Vila do Conde, a companhia do pintores Eduardo Viana e Samuel Halpert.
Após a guerra, em 1921, retornaram a Paris. Delaunay continuou a trabalhar em um estilo na maior parte abstrato. Durante a Feira Mundial de Paris em 1937, Delaunay participa no projeto da estrada de ferro e dos pavilhões de viagem aérea.

Com o estouro da II Guerra Mundial, os Delaunays mudam-se para a Província de Auvergne, França, num esforço de evitar as forças invasoras alemães. Sofrendo de cancer, Delaunay era incapaz de resistir a ser movido de localidades, e sua saúde deteriorou-se. Morre em 25 de outubro de 1941, em Montpellier.

Marc Chagall


Paris através da janela
1913

Marc Chagall
Marc Chagall (Vitebsk, Bielorrússia, 7 de julho de 1887 — Saint-Paul-de-Vence, França, 28 de março de 1985) foi um pintor, ceramista e gravurista surrealista judeu russo-francês.
Nascido Mojša Zacharavič Šahałaŭ (em bielorrusso, Мойша Захаравіч Шагалаў; em russo, Мовшa Хацкелевич Шагалов, romanizado Movsha Zatskelevich Shagalov), no seio de uma família judaica, na sua juventude entrou para o ateliê de um retratista famoso da sua cidade natal. Lá aprendeu não só as técnicas de pintura, como a gostar e a exprimir-se nessa arte. Ingressou, posteriormente, na Academia de Arte de São Petersburgo, de onde rumou para a próspera cidade-luz, Paris.
Ali entrou em contacto com as vanguardas modernistas que enchiam de cor, alegria e vivacidade a capital francesa. Conheceu também artistas como Amedeo Modigliani e La Fresnay. Todavia, quem mais o marcou, deste próspero e pródigo período, foi o modernista Guillaume Apollinaire, de quem se tornou grande amigo.
É também neste período que Chagall pinta dois dos seus mais conhecidos quadros: Eu e a aldeia e O Soldado bebé, pintados em 1911 e 1912, respectivamente.
Os títulos dos quadros foram dados por Blaise Cendrars. Coube a Guillaume Apollinaire selecionar as obras que seriam posteriormente expostas em Berlim, no ano em que a Primeira Guerra Mundial rebentou, em 1914.
Neste ano, após a explosão da guerra, Marc Chagall volta ao seu país natal, sendo, portanto, mobilizado para as trincheiras. Todavia, permaneceu em São Petersburgo, onde casou um ano mais tarde com Bella, uma moça que conheceu na sua aldeia.
Depois da grande revolução socialista na Rússia, que pôs fim ao regime autoritário czarista, foi nomeado comissário para as belas-artes, tendo inaugurado uma escola de arte, aberta a quaisquer tendências modernistas. Foi neste período que entrou em confronto com Kasimir Malevich, acabando por se demitir do cargo.
Retornou então, a Paris, onde iniciou mais um pródigo período de produção artística, tendo mesmo ilustrado uma Bíblia. Em 1927, ilustrou também as Fábulas de La Fontaine, tendo feito cem gravuras, somente publicadas em 1952. São também deste ano conhecidas as suas primeiras paisagens.
Visitou em 1931 a Palestina e, depois, a Síria, tendo publicado, em memória destas duas viagens o livro de carácter autobiográfico Ma vie (em português: "Minha vida").
Desde 1935, com a perseguição dos judeus e com a Alemanha prestes a entrar em mais uma guerra, Chagall começa a retratar as tensões e depressões sociais e religiosas que sentia na pele, já que também era judeu convicto.
Anos mais tarde, parte para os Estados Unidos, onde se refugia dos alemães. Lá, em 1944, com o fim da guerra a emergir, Bella, a sua mulher, falece, facto que lhe causa uma enorme depressão, mergulhando novamente no mundo das evocações, dos chamamentos, dos sonhos. Conclui este período com um quadro que já havia iniciado em 1931:Em torno dela.
Dois anos depois do fim da guerra, regressa definitivamente à França, onde pintou os vitrais da Universidade Hebraica de Jerusalém.
Na França e nos Estados Unidos pintou, para além de diversos quadros, vitrais e mosaicos. Explorou também os campos da cerâmica, tema pelo qual teve especial interesse.
Em sua homenagem, em 1973 foi inaugurado o Museu da Mensagem Bíblica de Marc Chagall, na famosa cidade do sul da França, Nice. Em 1977 o governo francês condecorou-o com a Grã-cruz da Legião de Honra.

Tendo sido um dos melhores pintores do século XX, Marc Chagall faleceu em Saint-Paul-de-Vence, no sul da França, em 1985.

Wolfgang Paalen


Brothers Karamazov  1922

Wolfgang Paalen (Baden, Austria, 7 de julio de 1905 - Taxco, México, 24 de septiembre de 1959) fue un pintor y teórico austro-mexicano surrealista.
Wolfgang Paalen era el primogénito del comerciante judío austríaco e inventor Gustav Robert Paalen, y su esposa alemana, la actriz Clothilde Emilie Gunkel. Los primeros años de su vida los pasó entre Viena y Styie donde su padre tenía un centro de salud de moda. En 1912 la familia se trasladó a Berlín y a la ciudad Silesia de Zagan, donde su padre había adquirido un castillo, el St. Rochusburg. Wolfgang Paalen estudió en diversas escuelas de Sagan, antes de que sus padres contrataran a un preceptor particular. En 1919 la familia se trasladó a Roma, donde los Paalens recibían a muchos invitados, tales como Leo von König quien se convirtió en el primer maestro de Wolfgang. En 1924 regresó a Berlín donde intentó sin éxito ingresar en la Academia. En 1925 expuso en la Secesión de Berlín y profundizó en su formación estética, influido hondamente por Julius Meier-Graefe, Nietzsche, Schopenhauer y la teoría de la Gestalt de Max Wertheimer. Después de otro año de estudios en París y Cassis (1925/26) donde conoció a Jean (Janco) Varda y Georges Braque, visitó la escuela de arte de Hans Hofmann en Múnich y Saint-Tropez hasta 1928. Después de 1928 estuvo de nuevo en Cassis y París, estudiando brevemente con Fernand Léger.
De 1931 a 1936, Wolfgang Paalen participó activamente en la asociación Abstracción-Creación dedicada al arte abstracto junto, entre otros, al pintor suizo Kurt Seligmann («Personajes en una gruta», 1933).
Después de sus primeras exposiciones den la Galería Vignon, luego la Galería Pierre, en París, se incorporó al grupo surrealista parisino formado alrededor de André Breton en 1936, participando en todas sus principales exposiciones.
«Me parecía dejar un ambiente de sordomudos, para encontrarme finalmente con hombres enteros. Solamente dentro del surrealismo encontré la experiencia entera vivida, el heroico intento de una síntesis integral que no admitía más separaciones arbitrarias entre la expresión plástica y la poesía, entre la poesía y la vida».
Hacia 1937, Wolfgang Paalen inventó la técnica del «ahumado» (fumage) que, a partir de los rastros de humo producido por la llama de una vela sobre la superficie de una hoja de papel o de una tela con pintura aún fresca, permite la interpretación, o la sugestión, de tantas imágenes involuntarias, de un modelado vibrante y de un negro aterciopelado. Con este médoto, Paalen realizó sus cuadros más espectaculares: «Paisaje médusé » (1938), «Combates de los príncipes saturnianos, III » (1939). André Breton vio en estas «figuras desmesuradas de un teatro de sombras, [los] rizos de la mujer amada hasta perderse de vista en las tinieblas... ».
Viajó a Nueva York en mayo de 1939. En otoño del mismo año, a raíz de una invitación de Frida Kahlo, se refugió en México. Con el pintor César Moro, organizó la primera exposición internacional del surrealismo en México (1940), luego fundó con Gordon Onslow-Ford la revista «Dyn» (1941). Con el texto «Adiós al surrealismo» se distanció de Breton (1942), con el que no se reconcilió hasta 1951, en una visita a París. Se nacionalizó mexicano en el año 1947. Ese mismo año se divorció de la artista Alice Rahon.

Wolfgang Paalen se suicidó en 1959.

Fernand Léger


Os Fumadores, 1911-12
óleo s/tela
129,2x96,5 cm

Fernand Léger
Jules-Fernand-Henri Léger (Argentan, Orne, 4 de fevereiro de 1881 — Gif-sur-Yvette, 17 de agosto de 1955) foi um pintor francês que se distinguiu como pintor e desenhador cubista, autor de muitas litografias.
Nascido na Baixa-Normandia, iniciou a sua formação artística aos catorze anos, sendo aprendiz de um arquitecto em Caen. Em 1900 rumou para Paris, onde ingressou na Escola de Artes Decorativas, após uma tentativa frustrada de ingressar na Escola das Belas-Artes.
Em 1908, e na mesma cidade, instalou-se num edifício conhecido como "Ruche" (colmeia, em português), onde conviveu com outros artistas como Jacques Lipchitz, Robert Delaunay e até Marc Chagall, tendo-se tornado um dos melhores amigos deste último.
Entre 1909 e 1910, realizou a sua primeira grande obra “Nus no bosque”, uma pintura onde são notáveis as aspirações impressionistas.
A partir do de 1911, conheceu Pablo Picasso e Georges Braque, os quais lhe transmitiram influências cubistas, nas quais se aplicou e trabalhou durante a maior parte da sua carreira artística.
Em 1914, com o início da Primeira Grande Guerra, Léger foi recrutado para as trincheiras. Após esta etapa da sua vida, a sua pintura passou a representar a sua admiração pelos objectos mecânicos, tendo especial interesse pelos tanques de guerra.
A partir de 1920, predomina em sua obra a figura humana enquadrada por elementos industriais. Ainda na segunda década do século, numa nova fase da sua vida, produz e dirige o filme O ballet mecânico.
Devido à Segunda Grande Guerra, exilou-se nos Estados Unidos, onde foi professor na Universidade de Yale e no Mills College, tendo voltado para França em 1945.
De volta à sua terra natal, concebeu os vitrais da Igreja do Sacré-Coeur de Audincourt e um painel para o Palácio das Nações Unidas de Nova Iorque.
Em 1945 filiou-se no Partido Comunista e a sua obra passa a focar o trabalhador e o proletariado.
Pintou em 1954 o seu mais conhecido quadro: A grande parada.
Em 1955, ano do seu falecimento, foi homenageado com o prémio da Bienal de São Paulo.

O trabalho de Léger exerceu uma influência importante no construtivismo soviético. Os modernos pôsteres comerciais, e outros tipos de arte aplicada, também se vieram influenciar por seus desenhos. Em seus últimos trabalhos, realizou uma separação entre a cor e o desenho, de tal maneira que suas figuras mantêm seus formulários robóticos definidos por linhas pretas.

António Maria Lisboa


Nasce em Lisboa, a 1 de Agosto de 1928. Frequenta o Ensino Técnico. A partir de 1947 forma com Pedro Oom e Henrique Risques Pereira um pequeno grupo à parte das actividades dos surrealistas. Em Março de 1949, parte para Paris, onde permanece por dois meses. Datam provavelmente daí os seus primeiros contactos com o Hinduísmo, a Egiptologia, com o Ocultismo em geral. De volta a Lisboa, colabora com poemas e desenhos de títulos estranhos ( Pequena Históra a Mais Fantástica dos Amorosos, Marfim Peixe, etc.) na qual se chamou «1 Exposição dos Surrealistas», do grupo dissidente. A partir dessa altura, a amizade com Mário Cesariny acompanhá-lo-ia até aos últimos dias. Em 1950 colabora na redacção de vários  manifestos e, em carta a Cesariny, faz as primeiras declarações com referência aos objectivos do movimento surrealista. Apesar da aproximação, Lisboa prefere intitular-se «metacientista», e não surrealista, porque, argumenta, numa carta a Mário Cesariny,  a «Surrealidade não é só do Surrealismo, o Surreal é do Poeta de todos os tempos, de todos os grandes poetas». Morreu de tuberculose com 25 anos.

Miguel Barrias



O Outono

Miguel Barrias (Vila Real, 1904 — 1952), foi um pintor português.

Funda no Porto, em Jan.1929, com Heitor Cramez, uma empresa de ensino por correspondência na área do desenho, designada por Escola Nacional de Desenho. Assume as funções de professor provisório da Escola Comercial e Industrial José Júlio Rodrigues no ano lectivo de 1929-30, substituindo Trindade Chagas.

Alfred Manessier


Salve Regina

Alfred Manessier (Saint-Ouen, 5 de dezembro de 1911 — Orléans, 1 de agosto de 1993) foi um pintor francês, um dos mestres da Nouvelle École de Paris (Nova Escola de Paris).
Após os estudos na Escola de Belas Artes de Amiens, mais tarde na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts (Escola Nacional Superior de Belas Artes) de Paris, e depois de iniciação na arquitetura e nos afrescos, consagra-se à pintura, antes de descobrir a tapeçaria e o vitral.
Em suas obras da juventude, as influências do impressionismo, do cubismo tardio, do surrealismo e do fauvismo fazem-se sentir. Contudo, como com todos os grandes pintores, Manessier apegou-se primeiramente à escola dos grandes mestres: Tintoretto, Tiziano, Renoir e, sobretudo, Rembrandt, cujo espírito encontra-se em um auto-retrato. E é exercitando-se na cópia de suas obras no Museu do Louvre que ele conhece Jean Le Moal.
Mas a obra de Manessier desenvolve-se plenamente a partir do momento em que ele descobre a necessidade de consagrar-se à pintura não figurativa. Próxima da arte abstrata, é preferível contudo qualificá-la de pintura não figurativa, como se verá. As obras de Manessier são de facto profundamente apoiadas na realidade, mesmo quando elas não são diretamente alusivas. Elas não são jamais construções gratuitas: elas se organizam sempre em torno de referências mais ou menos explícitas a lugares, eventos políticos, meditação sobre os textos sagrados. O quadro Salve Regina de 1945 é representativo da descoberta desse relação particular entre as emoções e as formas sensíveis.
Profundamente impregnado desde sua infância pelas paisagens e pela luz da baía de Somme, consagra numerosas telas aos meandros e reflexos do rio, ao litoral de sua região, aos portos do norte: Espaço matinal (1949). Mar do Norte (1954), Morte-eau (1954), Recordação da baía de Somme (1979). Alguns estudos para as paisagens da baía de Somme, para os quadros Maré baixa reencontram os tons delicados das obras da juventude: no estudo de 1979, reaaparecendo os tons subtis que prendem a água em L'Etale, óleo sobre cartão dos anos 1920, digno, da mesma forma que muitos outros, de um Johan Barthold Jongkind.
O vitral, do qual lhe falou Georges Rouault em 1947, tem igualmente um lugar maior na produção artística de Manessier. Muito respeitoso dos profissionais da arte do vitral, ele soube colocar-se à escuta deles, que o fizeram aproveitar de seu conhecimento e de sua experiência. Da mesma forma, ele foi até a escola de mestres vidraceiros, como François Lorin, a fim de consolidar sua escolha estética definitiva. É esse profundo conhecimento das diferentes possibilidades técnicas que permitiram a Manessier de desenvolver sua arte nos domínios da pintura da aquarela, da litografia, da tapeçaria e do vitral.
Seu interesse apaixonado pelo vitral conduziu-o a criar com Jean Bazaine a Association pour la Défense des Vitraux de France (Associação para a Defesa dos Vitrais de França), na sequência das restaurações abusivas da catedral Notre-Dame de Chartres. Os atentados às obras de arte são, com efeito, para ele ao mesmo tempo crimes contra os homens, contra a vida de seus criadores, contra os homens a quem elas são oferecidas para que possam nutrir-se delas.
A primeira encomenda foi a dos vitrais da igreja Santa Ágata de Bréseux, em 1948. A instalação das vidraças constituiu um acto fundador para a arte sacra: depois de muitas polémicas, o vitral não figurativo tomava lugar nas igrejas, reconhecido como digno de enriquecer o monumento sem desnaturalizar a função sacra. Manessier realizou também os vitrais da cripta da catedral de Essen, Alemanha, da cripta da igreja Sankt Gereon em Colônia, Alemanha, das igrejas de Brême, França, as catedrais de Friburgo, Suíça e de Saint-Dié, as igrejas de Pontarlier e Locronan, França e tantas outras.
Este aspecto de sua obra encontra seu apogeu nas vidraças da igreja do Santo Sepulcro de Abbeville, cuja instalação estava quase terminada para a inauguração em maio de 1993. Nesse último lugar, mais que em qualquer outro edifício antigo, ele soube fazer sua obra de tal maneira que elas não se impõem em detrimento da arquitetura, mas conseguem mesmo sublinhar e, por vezes, até despertar o interesse estético. Ele partilha essa capacidade de oferecer às pedras das igrejas um novo nascimento, antes de relegá-las ao segundo plano, uma decoração sem alma, com seus amigos Jean Bazaine, Jean Le Moal e Elvire Jan, que foram, em diversas oportunidades, seus colaboradores nas realizações mais importantes.
A obra de Manessier foi coroada com prêmios internacionais. Selecionada para a Bienal de Veneza em 1950, o Grande Prêmio de Pintura foi-lhe atribuído em 1962, enquanto que Giacometti obteve o Grande Prêmio de Escultura. Manessier foi o último pintor francês assim recompensado, depois de Matisse, Jacques Villon e Raoul Dufy. Ele expôs obras de grande formato sobre os temas da Paixão de Cristo e da Páscoa.
Em 1953, recebeu o Primeiro Prêmio de Pintura na Bienal de São Paulo e, em 1955, o Grande Prêmio de Pintura do Carnegie Institute, de Pittsburgh, Estados Unidos.
Em 28 de julho de 1993, foi vítima de um acidente de trânsito, em Loiret, França e morreu em 1 de agosto de 1993 no hospital de Orléans la Source, França. No dia 5 de agosto, seus funerais tiveram lugar na Igreja do Santo Sepulcro de Abbeville e foi enterrado em sua aldeia natal.
Sobre seu cavalete, ficou inacabada a obra Nossa amiga a morte, segundo Mozart, última meditação pictórica sobre uma passagem de uma carta de Mozart a seu pai.
Uma mudança radical de orientação estética, contemporânea de sua conversão, o faz tomar lugar, com o Salve Regina de 1945, entre os maiores nomes da pintura não figurativa do século XX.

Uma obra abstrata (uma tela de Mondrian, por exemplo) não pode ser uma obra de arte sacra, pois ela não se refere a nada mais do que a ela mesma. A obra não figurativa é igualmente sinal dela própria, como toda obra de arte, mas a rejeição da representação directa de um evento deixa filtrar os indícios daquilo que tocou a sensibilidade do artista. É porque ele não pode falar, mas como ele tem de qualquer maneira algo a dizer, que Manessier começa um quadro e procura exprimir o inefável em que ele de repente habitou. O reencontro com o sagrado não é mais descrito (a descrição que conduz frequentemente a uma dessacralização), mas manifestado. Em Fra Angelico o sagrado entrelaça-se no cenário, o que a evolução da pintura no século XX não permite mais, com algumas notáveis exceções, como Georges Rouault. A arte não figurativa autoriza uma abertura sobre o indizível fulgor do reencontro com Deus. E se Manessier estende essa escolha no tratamento da Natureza e dos factos humanos, é que sua sensibilidade o faz perceber que há na Natureza alguma coisa que vai além do primeiro olhar, que há no Homem alguma coisa que ultrapassa o Homem. Tudo é cheio de Deus, dizia Heráclito.

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