terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

CARAVAGGIO

Nome tomado da sua terra natal por Michelangelo Merisi ou Amerighi (1573-1610), pintor italiano. Estudou em Milão com um maneirista obscuro. Por volta de 1593 encontrava-se em Roma a trabalhar para outros pintores, muito pobre e aparecendo já nos registos da população como espadachim. Por alturas de 1596 a sua sorte mudou rapidamente. Algumas das suas pinturas foram compradas pelo influente Cardeal del Monte e foi-lhe encomendado uma série de grandes pinturas religiosas para a Capela Contarelli, na Igreja de S. Luigi de Francesi. Antes disso, C. tinha pintado algumas das primeiras verdadeiras naturezas mortas, nomeadamente A Cesta de Fruta, uma série de pinturas de um modelo que representava «Baco», A Reunião Musical e um magistral duplo retrato de um homem e uma mulher intitulado O Adivinho, que deve obviamente algo a Giorgione a nível de tema e composição, embora a disposição da luz e o sentimento revelem um talento novo e original.


Para Capela Contarelli C. pintou um retábulo, S. Mateus e um Anjo, e duas grandes telas para as paredes laterais, A Vocação de Mateus e O Martírio de S. Mateus. Estes quadros causaram sensação. O S. Mateus (original destruído em 1945) do retábulo foi considerado vulgar e sacrílego pelo clero e C. pintou a segunda versão, que continua na igreja. Outras obras importantes do período são A Conversão de S. Paulo, O Martírio de S. Paulo, para S. Maria del Popolo, A Ceia em Emaús, A Morte da Virgem e A Deposição de Cristo. No auge do seu sucesso C. matou um companheiro numa rixa e teve de fugir de Roma. Os últimos anos da sua vida consistiram em curtos períodos de asilo em Napoles, em Malta e na Sicília, passados a pintar. Cada período terminava numa rixa e a fuga recomeçava. Ferido em Palermo, conseguiu chegar a Porto Ercole, onde morreu. Embora estudos recentes tenham modificado a reputação de revolucionário de C., ele continua a ser um dos veraddeiros inovadores. Declarou no principio da sua carreira que tinha rejeitado a busca renascentista do ideal e que não estudaria outro mestre que não a Natureza. O seu método de pintar directamente pelo modelo e a sua escolha de modelos das classes mais baixas, apresentados tal como eram mesmo nas suas grandes obras religiosas, foram duas coisas que quebravam por completo com a tradição. Contudo, considerá-lo um realista antes do seu tempo equivale a passar por cima da sua outra inovação: um aumento de efeito dramático através da utilização da luz que era sempre imaginada e com frequência altamente artificial, mostrando o seu enfático sentido do *chiaroscuro. Atacado por muitos, as suas obras foram protegidas por poderosos patronos durante a sua vida e depois da sua morte. A imitação do seu trabalho inspirou uma escola de pintura em Espanha, os Caravaggisti, e conduziu à arte de Velasquez. No N. da Europa teve ainda mais seguidores; os mais directamente afectados foram G. de la Tour, em França, e G. Honthorst, na Holanda, e Rembrandt aprendeu muito com ele.

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