sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Francisco Henriques



Os mártires do Marrocos, c. 1508. Museu Nacional de Arte Antiga

Francisco Henriques ou Francisco Anriques (Flandres, ? - Portugal, 1518) foi um pintor ativo em Portugal no início do século XVI. As obras que lhe são atribuídas mostram um perfeito domínio do ofício, seguindo um estilo gótico tardio de grande elegância.
Pouco se sabe sobre sua vida, mas é certo que chegou a Portugal por volta do ano de 1500, vindo de Bruges, na Flandres, onde pode ter sido aluno de Gerard David. Parece que seu primeiro trabalho em Portugal foi o retábulo da Sé de Viseu, liderando uma oficina da qual participava Vasco Fernandes, então um jovem aprendiz.
Depois trabalhou na decoração de várias igrejas, especialmente no retábulo-mor e nos painéis das capelas laterais da Igreja de São Francisco de Évora, o mais notável e mais belo agrupamento de pintura manuelina, hoje quase na sua totalidade à guarda do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, e na Casa dos Patudos, em Alpiarça, executado por Francisco Henriques de 1507 a 1511.
José de Figueiredo atribuiu-lhe, sem base documental, o "Retábulo da Vida de São Tiago", do Convento de Palmela, por o datar da época do apogeu do artista.

Em 1518, Francisco Henriques foi designado para fazer um importante conjunto de pinturas para o Tribunal da Relação, obra a que meteu ombros ajudado por vários oficiais flamengos e também por pintores portugueses de categoria, como o seu futuro genro Garcia Fernandes e porventura André Gonçalves, Cristóvão de Figueiredo e Gregório Lopes. Chefiar um tal grupo de artistas é testemunho flagrante de valor e prestígio. Este conjunto que não chegou a concluir-se perdeu-se, infelizmente, talvez no Terramoto de 1755; Garcês Teixeira supõe que dele provenha a impressionante tábua quinhentista «O Inferno», no Museu Nacional de Arte Antiga. No mesmo ano de 1518, porém, Francisco Henriques findava os seus dias vítima da peste que então assolou Lisboa e ceifou também os seus sete oficiais flamengos e alguns escravos ao seu serviço. O mestre pintor permanecera em Lisboa, com os perigos da epidemia, por determinação de D. Manuel I, que tinha a peito ver a obra concluída sem demora.

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