Jorge Afonso: Anunciação, c. 1510. Museu Nacional de Arte Antiga
Jorge
Afonso era arauto de el-rei e morava nas imediações da Igreja de S. Domingos,
em Lisboa, conforme ele próprio declara no depoimento que fez no processo de
Garcia Fernandes, seu sobrinho por afinidade, por ser casado com a filha de uma
sua irmã. Ora, sendo a mulher de Garcia Fernandes filha do pintor Francisco
Henriques, segue-se que Jorge Afonso era cunhado deste último.
A
09.08.1508 D. Manuel nomeou-o seu pintor, com o encargo de examinador de todas
as obras de pintura, submetidas a seu exame e avaliação. Tinha, com este
ofício, dez mil reais por ano, pagos na Casa da Mina. D. João III confirmou-lhe
a nomeação a 09.12.1529.
Em
30.11.1519 foi celebrado um contracto entre Afonso Monteiro e Afonso Gonçalves,
carpinteiro, para fazer os poiais e grade para o retábulo da Conceição, que
Jorge Afonso havia de pintar. No respetivo contracto se declara que estava
presente Jorge Afonso, irmão de Afonso Gonçalves. Seria este Jorge Afonso o
próprio pintor? Esta hipótese parece confirmar-se, vista a semelhança ou
identidade da assinatura dos dois. Em 21.07.1521 atestava Jorge Afonso ter
recebido a dita obra, segundo a forma do contrato.
Em
1518 celebrou Bartolomeu Fernandes um contrato para a pintura do coro de Santo
António. Jorge Afonso passou por debaixo desse contrato um atestado, em que
certificava estar concluída a obra.
A
Jorge Afonso é atribuída a execução dos grandes painéis de pintura sobre
madeira da Charola do Convento de Cristo, em Tomar e o retábulo da igreja do
Convento da Madre de Deus, em Lisboa. Sabe-se que foi pintor régio e examinador
de todas as obras de pintura do reino, para D. Manuel I e seu filho D. João III,
e que dirigiu um atelier de pintura em Lisboa. Faleceu em 1540.
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